Amor real no tempo virtual por Joel Rocha.

Her é um filme que representa dois conceitos extremamente distintos em um único fio narrativo, e contra todos os empecilhos, isso dá certo. O diretor Spike Jonze consegue refletir sobre amor e inteligências artificiais ao mesmo tempo, criando cenários de uma maneira assustadora e um realismo futurista. Seu tratamento cibernético é e sempre será o meu favorito: honesto e respeitoso. Samantha nesse filme é um ser em constante desenvolvimento e descoberta, e é tratada pelo roteiro como um ser vivo, carinhoso e ao mesmo tempo confuso consigo mesmo. O longa foi premiado na 86º edição do Oscar na categoria de melhor roteiro adaptado e foi indicado ao melhor filme do ano de 2014.

Debater sobre Samantha e sua classificação como ser vivo ou máquina é fascinante, mas nem chega a tocar no outro ponto principal do longa: O relacionamento humano na sociedade pós-moderna. É aqui que Jonze exerce um brilhantismo chocante. A sociedade criada pelo filme através de design de produção e cinematografia meticulosamente arquitetados é uma versão futurista de nós mesmos que em nenhum momento soa falsa. Nossos relacionamentos são esquisitos, complicados, titubeantes, e sempre alimentados por um fio condutor comum: o digital. Nessa ambientação estranha, entretanto, Jonze aplica um relacionamento completamente humano e empático. Seja através de contato físico, telefonemas ou diálogos com seres incorpóreos, amamos.
É nessa nova camada de estranheza trazida pela revolução eletrônica que o diretor desenvolve um romance de pura sensibilidade e emoção, na qual reflete pensar em questões que só agora estamos começando a enfrentar.
Nota: 8.5
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