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Matheus carvalho

Crítica do filme "Bastardos Inglórias", por Matheus Carvalho

Quentin Tarantino é, seguramente, um dos grandes diretores do cinema moderno. Seus clássicos Cães de Aluguel e Pulp Fiction são filmes que estão entre os melhores na história do cinema. Bastardos Inglórios, é o 7º filme do cineasta norte-americano e o primeiro a passar em outra época, durante a Segunda Guerra Mundial. Parecia que o diretor estaria preso pelos acontecimentos históricos, pois ninguém quer mudar a história né? Aí ele vem e nos dá uma incrível rasteira.

O filme já começa de forma maravilhosa. Quando o Coronel da SS Hans Landa (Christoph Waltz) se apresenta ao fazendeiro Perrier LaPadite, em francês. Já dentro da casa, o coronel pede leite e também pede para continuar no inglês. Em seguida, aprendemos que Landa é conhecido como Caçador de Judeus e que está lá para procurá-los, já que uma família judia da região não foi encontrada pelos nazistas. Já nessa cena percebemos a habilidade de criar mundos com alguns breves diálogos. Pois tecnicamente não conhecemos nenhum dos dois, mas já começamos a perceber que há uma história por trás de cada um.

O que segue é uma antecipação de um massacre, mas o jeito que Tarantino fez a cena, nos impede de odiar o coronel. Sentimos tristeza quando LaPadite é forçado a entregar a família que esconde em casa. Mas em seguida há tensão quando percebemos que Shosanna escapou. Logo depois, Tarantino tira desse universo. E entra no capítulo seguinte, começa com Tenente Aldo Raine (Brad Pitt) fazendo um excelente discurso a seus novos recrutas. Afirmando que irão para a França, nas linhas inimigas, matar nazistas e que cada um ali está devendo 100 escalpos inimigos para ele.

Segundo Érico Borgo, do omelete, “é divertida a maneira como Tarantino reduz personagens aos seus estereótipos conhecidos. O americano caipira e bruto, a francesa cética, o inglês super educado. Para conseguir economizar tempo em explicações e construção de personagens.” E isso vale para todas as cenas posteriores do filme, como o Sargento Donny Donnowitz, o Urso Judeu, cuja especialidade é esmagar crânios nazistas com um taco de beisebol, Bridget von Hammersmark, atriz que é espiã para os britânicos, e Shosanna, que reaparece como proprietária de um cinema em Paris onde acontecerá a première de um filme alemão.

De acordo com Ritter Fan, do Plano Crítico, o objetivo disso talvez tenha sido para criar um palco maior para Waltz. O personagem é ajudado pelos diálogos sensacionais do Tarantino. Mas a facilidade com que o ator pula de uma língua para outra e ainda consegue absorver os trejeitos dos nativos faz com que o personagem seja épico no filme.

No meio disso tudo, Tarantino aproveita para criticar a incapacidade dos americanos de falar outra língua que não seja o inglês, na cena que o Aldo Raine fala italiano de um jeito impagável. Somente 40% do filme é falado em inglês, os outros 60% são falados em alemão e francês e algumas cenas em italiano, o que é bem incomum em uma produção de Hollywood. Com isso, Bastardos Inglórios é imperdível.


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