Uma cidade sem passado (Das Schreckliche Mädchen) é um filme alemão lançado no ano de 1990 e tem sob direção do respeitado Michael Verhoven. O filme que é baseado em fatos reais relata a história da jovem estudante alemã chamada Sonia Rosenberger interpretado pela atriz Lena Stolze, que após ganhar um concurso de redações tem uma proposta para participar de uma nova competição e para isso, deveria escolher entre duas temáticas: Liberdade de expressão na Europa ou sua cidade natal durante o III Reich, período da segunda guerra relacionado ao nazismo, onde segundo tema foi escolhido pela personagem.
Uma das principais características da produção são os depoimentos dos personagens ao longo do filme como uma espécie de documentário narrativo. A própria Sonia é a narradora da história. Outra característica importante é o fato da primeira parte do filme, que mostra a infância e adolescência da protagonista ser em preto e branco e a segunda parte, o desenvolvimento da trama propriamente dita ser colorida.
Essa estratégia segundo o critico Caio César Santos Gomes, graduado em História é muito utilizada para chamar a atenção do espectador para a parte principal do filme, por isso as duas formas de exibição, uma um pouco monótona e outra mais chamativa são essenciais para o desenvolvimento da historia.
A trama de uma cidade sem passado revela questões inerentes à memória da 2ª Guerra Mundial, uma vez que, os fatos apresentados na produção referem-se ao período do III Reich. Entretanto, não é somente os fatos em si o que mais chama atenção no filme, mas também os mecanismos utilizados pelas instituições sociais da cidade na tentativa de silenciar a memória coletiva, memória esta que não tem nada de glorioso para se rememorado e comemorado.
O trabalho desenvolvido por Sonia divide-se em dois momentos: o primeiro corresponde à competição para a qual a pesquisadora foi convidada a participar e o segundo, já com o prazo do concurso expirado é quando a protagonista faz da pesquisa uma causa social. Cabe salientar que a princípio, o trabalho não tinha como foco a memória vergonhosa a qual todos na cidade preferem ocultar. Inicialmente o objetivo era mostrar “a verdade” e como a cidade resistiu ao nazismo. Entretanto, o desdobramento da pesquisa revelou que muitos fatos da história da cidade foram ocultados, visto que muitos moradores demonstravam preocupação ao saber que a pesquisadora pretendia remexer no passado. Neste caso, o esquecimento é tomado como um elemento constitutivo da memória coletiva, um instrumento eficaz para apagar a memória vergonhosa, indizível ou proibida.
Pelo que se observa na produção, a construção da memória tem muito pouco a ver com o passado e tudo a ver com o presente, ou seja, apesar das informações serem originárias do passado a construção da memória coletiva ocorreu por meio do olhar e dos interesses do presente.
Ainda segundo o critico Fabio Xavier, ao relacionarmos o filme "Uma cidade sem passado", com o curso de historia percebemos que podemos ser agentes transformadores na sociedade em que convivemos e moramos, e que a historia não pode parar na descoberta, mas sempre continuar a ser pesquisada, foi o que aconteceu com Sonia Wegmus, ela não aceitou o fim da historia de sua cidadejunto com a homenagem, a história não tem fim, precisamos conhecer o passado para entendermos o presente e projetarmos o futuro.