Dê uma olhada na sua lata de lixo e o que você vê? Lixo eletrônico. Toalhas de papel usadas. Os restos do salmão da noite passada misturados com nabos velhos. Agora imagine toda a sua sala de estar cheia de três pés de profundidade com o material. A cada dez minutos, sua janela se abre e mais é jogada dentro. Para alcançar o controle remoto, você precisa subir pilhas de lixo.
Agora finja que você precisa escolher para sobreviver. Localize garrafas plásticas vazias, peças antigas de carros e outros materiais recicláveis para pagar as contas.
Agora tente sorrir com toda a provação. O acima não é pura ficção. É um modo de vida para milhares de pessoas no Jardim Gramacho, o maior aterro sanitário na face do planeta. Chamados de "catadores", essas pessoas vivem suas vidas entre a sujeira, ensacando o que jogamos fora. “Lixo Extraordinário” é o documentário da tentativa do renomado artista plástico brasileiro Vik Muniz de capturar esta área e essas pessoas com algumas obras de arte verdadeiramente originais.
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Na superfície, isso parece um documentário de arte padrão. Famoso por usar materiais não convencionais para criar fotografias requintadas, o documentário acompanha a ideia de Muniz de pegar o lixo e fazer arte. Para isso, ele viaja para o Rio de Janeiro até o lixão de Gramacho para realizar sua visão em grande escala.
A beleza do documentário está em como isso nunca atrapalha a jornada de Muniz. Um cineasta pode acompanhar alguém por anos e nunca encontrar um fio narrativo. A diretora Lucy Walker deixa sabiamente os artistas falarem e, mais importante, as pessoas que ele encontra ao longo do caminho. Sem revelar nada, Muniz rapidamente descobre sua musa entre os catadores e começa a contar sua história através de uma série de impressionantes obras de arte. Enquanto as peças estão sozinhas como realizações incrivelmente belas, conhecer as pessoas que as inspiraram torna o trabalho ainda mais emocionalmente vibrante. Walker amplia esta jornada através de entrevistas inteligentes, um trabalho de câmera paciente e um olho para fotografia deslumbrante.
Embora grande parte da beleza do filme esteja no trabalho de Muniz, a alma do documentário está em outro lugar. É a busca da descoberta criativa e o impacto positivo que suas peças causam nos trabalhadores, o que torna a foto especial. O site de críticas “Omelete”, reitera que a ideia de focar o documentário naqueles que são objeto da obra, humanizado um filme sobre arte. É a espontaneidade daquelas pessoas que salva Lixo extraordinário.
Pensativo e paciente, “Lixo Extraordinário” é uma janela filmada no espírito humano e no poder transformador da arte. Indicado para o Oscar de Melhor Documentário em 2010, o filme vai excitar os seus sentidos e fazer o coração inchar com a pura maravilha pessoal de tudo.