Pokémon Go: Quando se transformar em um mestre vira realidade
- Viviane Lopes
- 22 de set. de 2016
- 5 min de leitura
Pessoas mexendo no celular o tempo inteiro não é algo novo em nosso cenário cotidiano. Mas agora, além de estarem em aplicativos como o Instagram, Facebook e Whatsapp, o que tem merecido toda a atenção para quem tem um smartphone são os Pokémons e onde eles possivelmente podem estar escondidos. Crianças e jovens dos anos 90 ficaram encantados por uma novidade japonesa que chegou nas televisões brasileiras em 1999. As aventuras de Ash para caçar monstrinhos com poderes especiais virou febre chegando a ganhar filmes, jogos e em apenas um ano, faturar 40 milhões de dólares no Brasil. Hoje, dezessete anos após tanto sucesso, Pokémon deu um passo além e mexeu com a cabeça de tantas pessoas que sempre sonharam em sair por aí caçando Pokémons lançando o jogo de realidade aumentada "Pokémon Go". E depois dos brasileiros aguardarem ansiosamente o lançamento do jogo de realidade aumentada no Brasil, ele finalmente apareceu em terras brasileiras no dia três de agosto desse ano. E parece que após esse lançamento a rotina de muita gente não foi mais a mesma.
História
Pokémon é a criação do programador japonês Satoshi Tajiri e seu amigo, o desenhista e designer Ken Sugimori. Após seus primeiros jogos, vários outros foram produzidos, num total de 43, e a série se expandiu para vários mangás, jogos de cartas, um anime, hoje indo para o lançamento da sua 20ª temporada, e 20 filmes já lançados. Pokémon tornou-se um marco na cultura pop dos anos 90 e a venda de seus jogos ultrapassou 95 milhões de unidades em todo o mundo (dados até setembro de 2014). A origem de toda a série são os videogames feitos para os consoles da Nintendo. As características principais dos jogos de Pokémon são a necessidade de colecionar diferentes monstros e a opção de escolher quais farão parte do grupo do jogador e como serão treinados.
O jogo
"Pokémon Go" é um jogo gratuito para smartphones que usa realidade aumentada e GPS e roda no sistema Android e iOS. Ele funciona basicamente da seguinte maneira: você precisa caçar todos os 151 Pokémons disponíveis na 1ª temporada do desenho. Parece uma tarefa fácil, mas você só vai conseguir capturar todos os monstrinhos se colocar o pé na rua e se aventurar pela sua cidade. O jogo ainda possibilita a visualização das criaturas nos ambientes reais através da câmera fotográfica dos aparelhos. Parece coisa de outro mundo, mas é apenas algo que faz parte do termo realidade aumentada.
E o que seria isso? Segundo Guilherme Carvalhido, professor do curso de Comunicação Social da Universidade Veiga de Almeida, o termo nada mais é do que uma relação virtual entre aquele que joga ou se entretêm e uma suposta realidade. "Você está diante de um caso como Pokémon Go em que você utiliza câmera, geolocalização e teoricamente você tem elementos nessa situação. A geolocalização é apenas o cenário do que vai acontecer. O jogo deposita os personagens nesse ambiente e você vai pelo ambiente captando. É uma novidade porque ele não fica chato para as pessoas de ficarem sentadas em um lugar só jogando."
Além de trazer a realidade aumentada, o jogo também possui uma correspondência com a Internet das coisas (revolução tecnológica que conecta objetos do nosso cotidiano à Internet, transformando-os de maneira interativa). "Existe relação entre Pokémon Go e a internet das coisas. Porque a internet das coisas torna o mundo físico mais digital e o mundo mais digital, físico. Pokémon Go vem muito para tentar ainda mais unificar, através da realidade aumentada, o mundo físico com o mundo digital." Afirma o professor e coordenador do MBA Internacional em Marketing Digital Estratégico na Universidade Veiga de Almeida do Rio de Janeiro, Victor Azevedo. Os professores creditam o sucesso do jogo, que levou a um aumento das ações da Nintendo, a escolha de um tema que marcou presença na vida de vários jovens, crianças e até mesmo adultos. Azevedo enfatiza o argumento do Pokémon como muito forte, dando a realidade aumentada mais presença em um mercado considerado meio 'parado' mas que agora chama a atenção das empresas novamente para utilizarem esse tipo de tecnologia em seus aplicativos.
Carvalhido aponta ainda que o Pokémon Go une jogos, e o entretenimento com o espaço público, mostrando uma nova perspectiva para o mundo de quem joga videogames: a de que você não precisa ficar concentrado dentro de uma sala para se divertir com a tecnologia dos games. "O Pokémon Go permite que você circule geograficamente pelos ambientes e consiga jogar. Eu acho que isso é o grande diferencial e que está fazendo sucesso. O grande barato é pode fazer essa correlação. Não é uma coisa totalmente infantil. É coisa séria." afirma o professor.
Virando um mestre Pokémon
A estudante de Comunicação Social de 21 anos, Lívia de Andrade, tem vivenciado a experiência de caçar Pokémons desde o lançamento do jogo. E, para ela, o jogo teve um gostinho ainda mais especial. "Eu não sou uma pessoa muito de sair de casa. Só que Pokémon Go pra você avançar no jogo, você precisa andar, precisa sair de casa, precisa ir a lugares novos para pegar novos Pokémons, então mudou um pouco a minha rotina." diz Lívia, mostrando ter alcançado o nível 20 no jogo.

Além de sair mais de casa, Lívia passou a fazer parte de alguns grupos no Whatsapp para caçar Pokémons e a chamar suas amigas da Universidade para acompanharem ela na aventura. "É muito legal porque quando você sai na rua com Pokémon Go
as pessoas olham seu celular e elas puxam assunto com você. Eu não sabia que eu tinha um vizinho próximo que jogava. Eu não sabia nem que eu tinha um vizinho próximo que era da minha idade e eu fui conhecer por meio desse jogo." A estudante também conta que conversou com a psicóloga que jogava Pokémon Go e ela a estimulou a continuar jogando. Na área da psicologia, a professora da Universidade Veiga de Almeida e psicóloga, Ana Paula Lettieri encara o jogo como algo que pode proporcionar uma experiência única para cada um. "Temos uma geração completamente fixada na imagem, onde a imagem é tudo. Então, não vejo no jogo algo bom ou ruim em si. Eu acho que a gente pode atribuir o que é bom ou ruim no uso que as pessoas fazem desse jogo."
E fica claro esse pensamento de Lettiere quando podemos encontrar por aí o relato de várias pessoas que se divertem tanto jogando. Ou quando a Lívia fala porque começou a jogar: " É vivenciar aquilo que você assistia quando você era criança. Então traz um sentimento legal sabe? Te faz sentir bem, te lembra aqueles momentos. Então quando lançou o jogo eu fiquei pilhada, eu queria viver aquilo que eu gostava tanto quando era criança. Eu não gosto de praia, eu não vou a praia há uns 5 anos ou mais e eu tenho que ir a praia agora pra pegar Magikarp (Pokémon que possui a forma de peixe e é mais encontrado no jogo em ambientes com água por perto) pra evoluir e ter o meu Gyarados entende? (risos)"
A psicóloga lembra o fato de algumas pessoas acreditarem tanto que o jogo é real ou então por estarem tão compenetradas no jogo, podem acabar caindo, sendo atropeladas e se machucando gravemente. E aí fica a dica para todos aqueles que querem se aventurar caçando Pokémons: fiquem atentos e joguem com atenção que todos (ou quase todos) os Pokémons vão aparecer sem você precisar se machucar.