Projeto Ecomar: engajamento, recuperação ambiental e responsabilidade social
- Karolyna Prá
- 4 de out. de 2018
- 3 min de leitura
No litoral brasileiro, a maior parte de lixo marinho é plástico. O descarte incorreto e a falta de coleta seletiva resulta na formação de ilhas de lixo no oceano, além de mortes de animais marinhos por asfixia e ingestão do plástico, desequilibrando o ecossistema. Pensando nisso, instituições públicas e privadas da Região dos Lagos apoiaram o projeto "Ecomar: Dia da limpeza das águas", na cidade de Cabo Frio, realizado em setembro de 2018. Em menos de três horas de atividade, foram retirados mais de quatro toneladas de lixos somente no Canal do Itajuru, área que compreende o centro da cidade de Cabo Frio.
Rodrigo Macedo, coordenador de meio ambiente da Companhia de Serviços de Cabo Frio, a COMSERCAF, pontua que "de início, a proposta da ação era de coletar com a ajuda da população os microlixos, como canudos, copos plásticos e tampinhas de refrigerante. Porém, cerca de 70% dos lixos retirados eram pneus velhos, e o restante dividiu-se em carcaças de eletrodomésticos, móveis, pias e plástico. O conteúdo passível de reciclagem será enviado para a Cooperativa de Recicladores, em São Pedro da Aldeia. Já os que são chamados de inservíveis, serão encaminhados para o aterro sanitário."
A engenheira ambiental e analista de qualidade, meio ambiente, segurança e saúde Gabriela Negreiros, informa que "os aterros sanitários são a forma correta de destinação de resíduos, pois possuem medidas mitigadoras de emissão de poluentes e impermeabilização do solo. Todo aterro possui uma manta específica que impede a penetração do chorume no solo, evitando assim, o risco de contaminação dos lençóis freáticos, por exemplo." Gabriela ressalta que os aterros sanitários denominados classe 2, que coletam resíduos comuns da população, tem normalmente, vida útil de no mínimo 10 anos. "Durante esse período, estudos locais são feitos para que novos aterros possam ser construídos, em áreas seguras que não prejudiquem a cidade e o meio ambiente."
O projeto Ecomar faz parte da campanha Mares Limpos, iniciativa da ONU Meio Ambiente. No Brasil desde 2017, o projeto Mares Limpos visa reduzir os impactos dos plásticos descartados nos oceanos. Com duração de cinco anos, a campanha prevê ações capazes de contribuir para um cenário melhor do planeta. A estimativa levantada pelos ativistas da ONU é de que em 30 anos vamos ter mais plásticos do que peixes no oceano.
Em Cabo Frio, um levantamento recente feito pela CTA Meio Ambiente, empresa contratada pela Petrobras que realiza resgates, tratamento, recuperação e soltura de animais marinhos na área da Bacia de Santos (região em que Cabo Frio está inserida), afirma que cerca de 90% dos animais mortos recolhidos na costa da Praia do Peró são vítimas da ingestão de lixo do mar, principalmente plásticos. Destes animais, a maioria são tartarugas. Por se alimentarem de algas, as tartarugas confundem embalagens de picolé, canudos e papéis de bala com alimento. Isto é fatal.
De acordo com a psicopedagoga e moradora da cidade de Cabo Frio Andressa Dumard, o engajamento da população é fundamental para que medidas como a da Ecomar sejam proveitosas. "Estimular o espírito de voluntariado em um campo social pode ser uma forma inovadora de gerar orgulho, realização e satisfação. Em meio à causas ambientais, a ação se transforma em investimento. O indivíduo agrega o conhecimento à experiência, formando novas convicções e perpetuando uma ideia. O indivíduo que exerce uma causa voluntária contribui para uma sociedade coesa, constrói confiança, reciprocidade, e assim, um mundo melhor."