Secretaria de Saúde não liberou dados que possam comprovar melhora apesar de a Prolagos afirmar avanços
A cidade de São Pedro da Aldeia (RJ), na Região dos Lagos, sofre com a situação precária relacionada ao abastecimento de água, esgotamento sanitário, drenagem e manejo de águas pluviais, limpeza urbana e manejo dos resíduos sólidos. 20 anos após a concessionaria iniciar seu serviço, avanços são visíveis, entretanto são perceptíveis pela população as carências em áreas específicas.
“As crianças que ficavam doentes, né? Era verme direto, ficava barrigudinho, ficava vomitando...” – conta a empregada doméstica Janete Carvalho dos Santos, 56 anos, moradora do bairro Balneário onde crianças convivem com esgoto a céu aberto. Ainda de acordo com doméstica, o esgotamento sanitário só foi implantado no lugar em que vive há cerca de dois anos e que antes, pelo fato de o esgoto escorrer pelas ruas a céu aberto, ficava mais fácil de adquirir doenças como dor de barriga, diarreia, frieiras e dengue.
De acordo com a Prolagos, empresa que abastece a cidade, foram investidos cerca 1,5 bilhão de Reais em saneamento básico na região desde 1998. Isso triplicou o fornecimento de água potável para a população, passando de 30% de cobertura para 92,12% da área urbana. E ainda o esgotamento sanitário passou de quase 0% para 77, 14%. Tal ação - acesso às condições básicas de saneamento - é o principal fator para a diminuição de doenças como diarreia, dengue, hepatite A entre outras.
A doméstica Jocélia de Souza, 32 anos, também moradora do bairro Balneário, relata que durante a implantação do esgotamento sanitário ela pegou dengue. “Fizeram um buraco e deixaram lá um tempo aberto, aí choveu, entrou água e aí criou larvas de mosquito da dengue e por isso que eu peguei a dengue. Eu peguei dengue duas vezes. A segunda vez foi por causa da água parada de esgoto que vinha do quintal do vizinho para o meu quintal”, lamenta.
A Secretaria de Saúde de São Pedro da Aldeia não autorizou a divulgação dos dados de saúde relacionados ao saneamento básico da cidade, mas de acordo com pessoa ligada à Secretaria, estima-se que as condições de saúde de parte considerável da população Aldeense tenham melhorado bastante com o advento do saneamento básico.
No Brasil, segundo pesquisa realizada pelo IPEA (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada), gasta-se 0,09% do Produto Interno Bruto com saneamento básico e cerca de 1,76% com saúde. Esses dados enfatizam a ideia de que o investimento em saneamento, além de impactar na saúde da população, também será benéfico economicamente para o país, pois estima-se que os casos de doenças causas pela falta de saneamento diminua e, consequentemente, diminuirá também os gastos com doenças relacionadas a falta de água tratada, esgotamento e outros.
A bióloga Aline Pereira que trabalha na Vigilância Sanitária de São Pedro da Aldeia, comentou que tem uma série de doenças que afetam a região, mas afirma que uma das mais recorrente é a leptospirose. “É uma doença ligada ao esgoto, causada pela contaminação da água pela urina de rato, geralmente quando o esgoto enche e causa o contato com as pessoas”, explicou a bióloga.
Ela comentou ainda sobre as doenças causadas pelos vetores de mosquito. Segundo a vigilante, quando não se tem saneamento, a incidência de doenças, como dengue, é alarmante principalmente nas regiões mais carentes da cidade.