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A moda que nasce na contracultura

Lorena Vieira e Maressa Braga

As roupas usadas como veículo de protesto ganham espaço na contracultura

A contracultura é um movimento de rebeldia dos jovens, e surgiu nos Estados Unidos no início dos anos 60 com influência em praticamente todo o mundo. Esse movimento foi uma resposta à ideologia capitalista do consumismo, surgido pós a Segunda Guerra Mundial, que ocasionou um cansaço naquela geração tendo em vista à simbiose das propagandas de guerra somada as do consumo exacerbado pela mídia. Os jovens desafiaram e questionaram o sistema de valores dominante, que levou a debates vários temas sobre a liberdade. Assim, o movimento de contracultura questionou os valores e padrões socialmente aceitos como absolutos e buscaram alternativas naquele mundo de paradoxos sociais, tendo como instrumento a estética visual, que abrangeu os padrões na indústria da moda.

O licenciado em história e filosofia, Mauro Silva, comenta que os jovens da época violaram o padrão, inventaram a roupa colorida, o andar só de chinelo, e deixaram a cabeleira crescer, tendo como slogan “paz e amor” ou “faça amor, não faça guerra”, surgindo assim o movimento hippie, que foi um dos grandes protagonistas dessa nova vida alternativa e rebelde, nos EUA, na America Latina, e os punks na Inglaterra, o que, de forma transversal, tais movimentos eram uma mensagem de desconstrução ao padrão estabelecido. “Esses movimentos não romperam totalmente com os paradigmas e padrões da época, todavia foi um contraponto, que teve desdobramentos irreversíveis até os nossos dias, tendo influenciado na conquista de valores fundamentais vigente no mundo ocidental de hoje, como a pluralidade de idéias, de crença, de religião, autonomia individual, liberdade sexual etc.” completa Mauro Silva.

Com o passar dos anos, foram surgindo outros movimentos sociais de contracultura a fim de quebrar padrões no mundo da moda, e um deles é o movimento feminista. A militante, Nathália Parga, conta que o feminismo a ajudou a se vestir da forma que se sente bem, independente dos olhares da sociedade. “Eu comecei a entender como a construção do gênero foi atribuída, e que a mulher não tem que se vestir de uma forma só porque alguém decidiu assim. Ela pode se aceitar como é!” comenta Nathália Parga, que ainda acrescenta “Acho que desde sempre as mulheres tiveram que obedecer a regras de como se portar na sociedade, como roupas e cabelos. Antigamente nem podia usar calça, e hoje já pode”. Para ela, essa influência se vê, principalmente, na indústria da moda, onde modelos influenciam o que as pessoas devem ser, o que acaba sendo um

problema sério por formar padrões.

Outra moda que tem ganhado espaço no mercado, é a ‘plus size’, que é o nome dado pelos norte-americanos para modelos de roupas acima do padrão, e atende movimentos contra a gordofobia. A Layla Brigido é influencer digital e tem mais de 12 mil seguidores no Instagram, onde ela aborda assuntos como auto-estima e a moda ‘plus size’. Segundo ela, esse mercado é muito limitado, mas tem crescido bastante por causa dos influenciadores digitais, e por isso, cada vez mais lojas estão proporcionando roupas do número 46 para cima. “Acho essencial que esse tema seja tão falado, para que as pessoas entendam que temos a gordofobia inserida de todas as formas na nossa sociedade, e possam repensar sobre isso” comenta Layla Brigido, que ainda acrescenta“a mulher gorda é como qualquer outra mulher que quer se sentir bem e vestir uma roupa legal. É preciso tirar essa idéia sem nexo de que gordo veio para ser motivo de

piada”.

Sobre esses movimentos, a Letícia Loureiro, formada em Moda pela faculdade de Belas Artes, em São Paulo, conta que a indústria da moda se apropriou de grande parte das estéticas de contracultura e acabou popularizando itens chave dos movimentos, como hippie e punk. “Ainda somos muito julgados pelas roupas que usamos, mas se ela pode servir como uma mensagem, que assim seja” comenta. Segundo ela, a escolha diária de se vestir é uma maneira de comunicar ao mundo quem nós somos, e a idéia de usar a roupa como veículo de protesto é brilhante.


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