“Somos as netas das bruxas que vocês não conseguiram queimar, afirma Ingrid Correia de 20 anos, participante do movimento de mulheres da região dos lagos (MMRL) e o movimento de mulheres Olga Benário. Diz ter conhecido o movimento feminista através de uma amiga da faculdade. A contracultura em nosso país na década de 70 impulsionou muitos movimentos, dentre eles o feminismo, que visa a igualdade entre homens e mulheres. Foi também um marco na vida das mulheres, pois elas ganharam voz e tiveram liberdade para se expressar.
De acordo com o professor de história Deywer Pereira, formado pelo Centro Universitário (UNISUAM-RJ), o movimento de contracultura foi organizado em nosso país. Naquela época, o presidente João Goulart é deposto pelo golpe militar. O governo militar reprimia os opositores do regime e controlava os meios de comunicação. As características do movimento chegavam até a população através do meio artístico, das músicas ou de outra expressão artística como o teatro, porém, a música era o que alcançava os grupos. A ideia principal é questionar os valores dominantes da sociedade, então se usava muitos meios. Deywer ainda complementa dizendo qual a principal marca que este movimento deixou: A questão do emponderamento dos grupos chamados de minoritários. As mulheres podem ser maioria em nossa sociedade, mas não tem o devido reconhecimento.
Sobre o movimento feminista na ditadura ela afirma: “ Sabemos o quanto mulheres de que foram mortas, afastadas de seus filhos e família. É algo assustador, sabe? É algo tão difícil até de imaginar que apenas por ser mulher e lutar pelos seus direitos pode ser assassinada”. Atualmente, Ingrid percebe que estão tentando calar as vozes das mulheres novamente, estão tentando as censurar de todas as formas. Somos muito mais fortes do que eles pensam, e vimos há pouco tempo a quantidade de mulheres que foram para as ruas para lutar contra alguém que fere nossa existência. Lutamos até hoje em pleno século 21, lutamos contra a desigualdade salarial, falta de representatividade política, violência e poder ter a escolha sobre o nosso corpo”.
A característica principal do movimento de contracultura é questionar os valores dominantes. O que continua sendo feito através do movimento feminista, como em passeatas, manifestações, palestras e com esse grande movimento, as mulheres criaram grandes oportunidades e coragem para discutir sobre tudo. “Jovens do passado acabaram repetindo os erros de seus pais em nossos dias, entretanto basta saber até quando esta geração irá se conformar com esta ordem construída pelas gerações anteriores. É isso que o movimento de contracultura busca trazer, causar um choque entre as gerações visando o bem-estar de toda uma nação, não apenas da maioria, mas também estender apoio os grupos de minoria da sociedade”.