Ao observar o movimento de ostentação e sexualização do corpo mista com a romanização do uso de drogas ilícitas percebe-se que existe uma crítica social própria dos movimentos característicos da periferia representada nas letras do funk. Ainda que esta crítica seja implícita e não intencional.
Fundindo realidade e a naturalização de um poder paralelo encontra-se no funk o que uma sociedade faz questão de esconder, as carências de um estado ineficiente.
O professor de direito penal Mauro Senra Júnior afirma que as marginalizações dadas aos bailes periféricos sustentam e reforçam ações intencionais oriundas do estado. ‘’A política de confronto é a política de enxugar gelo. O que a gente encontra nas letras do não passa de um retrato do que se vive pelos bairros periféricos do Brasil. Ignorar essa cultura é ignorar o Brasil também. ’’ Afirma o professor.
A assistente social Thais Zeca critica a postura do estado por um viés histórico, segundo ela, a intensão de marginalização das periferias são oriundas do movimento abolicionista. ‘’eles não tinham para onde ir, assim se dá o nascimento de uma favela. A verdade é que o estado queria que essas pessoas morressem. ’’ Diz Thais.
As críticas também se aplicam aos bailes denominados de ‘’bailes de favelas’’, onde a política de confronto, programada pelas autoridades, dificulta a fiscalização do que se acontece dentro desse tipo de evento.
Já o policial militar Fernando Mariano confessa que se sente incomodado com as letras de um ritmo que ele caracteriza como criminoso. ‘’A Incitação ao Crime, presente nessas letras, atrapalham a minha função. Quem dissemina essas letras são criminosos também o artigo 286 é claro sobre isso’’ afirma o policial.
A verdade é que não dá para desprender a imagem do funk com a das periferias. Trata-se de uma narrativa da cultura do ambiente que se naturaliza por vivencias pessoais.