Nascida na capital baiana em outubro de 1977, Priscilla Novaes Leone, mais conhecida como Pitty, lançou em 2003 o álbum que iria revolucionar a realidade do rock nacional: Admirável Chip novo. O disco foi o mais vendido naquele ano, superando nomes já conhecidos da música, como Skank.
O título do álbum foi inspirado no livro preferido da cantora “Admirável mundo novo” de Aldous Huxley. A obra narra uma utopia em que as pessoas são pré-condicionadas psicologicamente a viverem em harmonia dentro de uma sociedade dividida em castas. A música que leva o nome do álbum critica justamente a alienação, tema bem criticado no livro.

Ao portal vice, em 2018, Pitty contou que estava fazendo faculdade de música e recebeu a ligação do Rafa Ramos, filho do dono da gravadora Deckdisc que lançou o álbum. “Lembro que ele me ligou e falou assim: ‘E aí, cadê? Você tá tocando, o que tá fazendo da vida?’. Eu estava fazendo facul de música, trabalhando em loja e compondo ao mesmo tempo no meu quartinho lá, com meu violão velho. E falei que tinha umas músicas. Ele mostrou pro pai dele e fizemos o disco”. Na mesma entrevista, ela afirmou que ficou sem entender como pessoas tão jovens eram fãs dela na época: “Como assim essa galera curte o meu som, cara? Tô falando de livros que eles não leram, eu tô falando de referências, de coisas que eles não estão ligados. Eu ficava muito intrigada, na verdade”

Com o sucesso imediato, Pitty fez um movimento que quebrou paradigmas. O cenário do rock era dominado por homens e, na época, a maioria das mulheres que estavam tocando nas rádios eram do gênero pop e no álbum da rockeira, as influências do hardcore é notória. E mostrou que a música baiana é mais do que axé.
Em uma entrevista ao Jô Soares, a cantora respondeu que o rock que a descobriu. “Chega uma certa idade em que você começa a se identificar, a descobrir o que você gosta. A mensagem contida nas letras falava de uma forma que me tocava, que me emocionava mais.”
Link do álbum completo: https://www.youtube.com/watch?v=EfjTksqbp3A