Elza soares da Conceição, conhecida popularmente por Elza Soares nasceu em 23 de junho de 1937. Carioca e carinhosamente autointitulada como "Elzinha", Elza Soares se tornou um grande ícone da MBP e consagrada cantora e compositora brasileira.
Em 1999, ela foi eleita pela Rádio BBC de Londres, como a cantora brasileira do milênio. Nasceu em uma família muito humilde, composta por muitos irmãos, na favela da Moça Bonita, atualmente Vila Vintém, no bairro de Padre Miguel, e ainda pequena mudou-se para um cortiço no bairro da Água Santa, onde foi criada.
Sua infância foi repleta de brincadeiras, embora aos paralelamente tivesse que ajudar sua mãe nas atividades domesticas. Aos 11 anos de idade Elza foi obrigada a largar os estudos e se casar com um amigo do seu pai que havia se interessado por ela. Elza sofreu muito neste matrimônio arranjado, por conta da violência doméstica e sexual a qual era constantemente submetida. Aos doze anos de idade deu à luz seu primeiro filho.
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Mesmo nesta vida de batalhas, jamais desistiu do sonho de cantar, e sempre se inscrevia em seleções musicais e mandava suas letras de músicas para rádios. Algumas vezes conseguia participar de pequenas apresentações. Em 1960 passou a trabalhar somente com a música, quando surgiu um concurso na rádio, tendo que cantar as músicas escolhidas por eles, e como foi a vencedora, ganhou uma oportunidade de trabalhar para eles, cantando semanalmente. Desde então, ainda com muitos desafios engrenou a carreira musical chegando a esferas internacionais.
Em 18 de maio de 2018 Elza aos 88 anos surpreende seus fãs com o álbum “ Deus é mulher” O título forte, talvez provocativo para os mais conservadores, funciona como um poderoso indicativo da poesia política, crua e necessária que invade o novo álbum de estúdio de Elza Soares. Os versos marcados pelo discurso social e provocações inteligentes, como se Elza apontasse para todas as direções. Do debate sobre intolerância religiosa, em Credo (“Credo, credo / Sai pra lá com essa doutrinação“) e Exu nas Escolas (“Presa em uma enciclopédia de ilusões bem selecionadas / E contadas só por quem vence / Pois acredito que até o próprio Cristo era um pouco mais crítico“), passando pela repressão e polarização da sociedade brasileira, em O Que Se Cala (“Pra que separar? / Pra que desunir? / Pra que só gritar? / Por que nunca ouvir?“), sobram rimas rápidas e certeiras.
Ainda sobre o álbum, o crítico Cleber Fachini O grande problema de Deus é mulher, assim como o trabalho que o antecede, continua sendo o limitado número de mulheres em uma obra que se apoia abertamente no discurso feminista. Das 11 faixas que recheiam o disco, apenas quatro contam com a assinatura de mulheres, porção também reduzida no grupo de instrumentistas convidadas a trabalhar na produção do álbum. Mesmo representado de forma incontestável pela imagem, histórico e voz forte de Elza Soares, não deixa de ser contraditório (e preocupante) pensar que músicas tão significativas como Deus há de ser e Dentro de Cada Um sejam compostas integralmente por homens.