Crítica da série "The Handmaid’s Tale", por Gabriela Pereira
- Gabriela Pereira
- 4 de jun. de 2019
- 3 min de leitura
Baseada no livro The Hanmaid’s Tale (O Conto da Aia), lançado em 1985 pela escritora Margaret Atwood, a série de mesmo nome, produzida pelo diretor Bruce Miller retrata a vida das mulheres na República de Gilead, onde um dia fora os Estados Unidos.
Anunciada em abril de 2016, já com a atriz Elizabeth Moss contratada para o papel principal, a séria teve suas filmagens com consultoria da própria autora do livro, tendo três episódios estreados em 26 de abril de 2017.
Antes da República de Gilead, existia um nível considerável de contaminação e poluição atmosférica no país; muita descrença e desvalorização religiosa e, acima de tudo, um grau de fertilidade que chegava perto de zero. Mas depois de um golpe de estado ao governo democrático americano, um grupo de supostos salvadores da pátria tomou o poder, com intuito de criar uma nova nação. A partir daí, os Estados Unidos passou a ter uma divisão em casta, comandada por um novo governo teocrata, sendo grande parte da sociedade feminina massacrada como individuo, cabendo a elas apenas o status de servir ao Comandante e parir filhos.
A temática da série original da emissora Hulu, que conta com 10 episódios de cerca de 55 minutos cada, por temporada, é muito forte, pois toca em pontos muito atuais na sociedade, mesmo o livro sendo da década de 1980. A narrativa vai do feminismo radical ao fundamentalismo religioso. E de acordo com o critico Luiz Santiago do site Plano Crítico “ a série tem um tratamento técnico aplaudível, com uma direção fortemente melodramática, mas nem por isso mergulhada em exageros estéticos, como planos desnecessários em cenas de grande emoção apenas para chocar o público. Para mim, ficam apenas algumas ressalvas no tratamento da relação entre June/Offred (Elisabeth Moss) e seu comandante Fred Waterford (Joseph Fiennes), ficando cada vez mais macabro à medida que a temporada é avançava.”

Em Gilead os homens com cargos oficias vestem preto. Somente os comandantes usam camisas brancas ou cachecol, mas por algum motivo, os Anjos (as mulheres de mais idade que “em nome de Deus” castigam as aias) e os Olhos (que são um tipo de espiões) alternam entre o cinza e o preto ao longo da temporada. As mulheres se dividem em figurinos vermelhos, o que no caso das Aias pode significar tanto a violência que sofrem diariamente, quanto a doação de seu corpo em nome de Deus e principalmente da nação.
The Handmaid’s Tale foi tão bem acolhida pelo público que ganhou em 2017 o Emmy de melhor série dramática pela Primetime e conquistou espaço no canal de TV Paramout nas sextas ás 23:00 e nos sábados ás 12:00.
Essa série atualmente conta com duas temporadas, porém já tem a terceira marca para julho deste ano.
Um episódio muito marcante em The Handmaid’s Tale foi o último (10) da primeira temporada, pois por meio dos flashbacks de June transporta os telespectadores para os seus primeiros momentos no Centro Vermelho, logo depois de ser capturada. E esses flashs acabam sendo um ponto crucial para o final, que iniciou e encerra a série. A construção desse episódio não deixa a desejar em nenhum momento, as cenas são incríveis e é surpreendente como a trilha sonora é deixada de lado para o espectador sentir a dor de June, ao ser marcada e enfatizada a ideia de que a partir dali ela não seria nada mais do que reprodutora da Gilead.
Neste episódio a ira de Serena Joy está ainda mais incontrolável sobre June, mas, como sempre, seu humor volúvel é apaziguado quando ela descobre finalmente que June vulgo Offred lhe dará seu tão sonhado filho. No entanto quando June grita, depois de uma briga, que não queria estar grávida, a fúria de Joy volta com tudo e a Aia sofre as consequências. Serena Joy usa o bem-estar de Hannah,a filha que June teve antes de tudo aquilo acontecer em sua vida, para garantir que ela aceite gerir o bebe.
Por mais que a série retrate o teocentrísmo e a soberania dos homens sobre a mulheres, nesse episódio se confirma o que é suspeitado nos espisódios anteriores: quem dá todas as cartas na mansão do Comandante Fred é sua mulher, Serena Joy. Ela pune, conspira e mente, até mesmo para seu marido, e inferniza a via da sua Aia.
Para Paulo Halliwell “ O mais aterrorizador é perceber que, na verdade, Serena Joy não se importa realmente com o crescimento da população, mas sim com sua meta pessoal de ser mãe a qualquer custo. Ela fará de tudo para que sua posição seja validada e que todo seu sacrifício de abdicar de todos seus direitos pela Gilead tenha resultado.”
O final deste episódio foi aberto, dando margem para segunda temporada. June, depois de se recusar e incentivar outras Aias a matar uma das suas foi levada para o seu julgamento. Porém é pouco provável que carregando um filho que será de Selena algo acontecerá com ela.
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