Trilhas de Arraial do Cabo exibem beleza e escondem perigos para aqueles que não as conhecem.
Vista da Trilha do mirante da Cabocla - Divulgação/Viagens Cine
Se você já visitou ou pensa um dia em conhecer Arraial do Cabo, sabe que não é novidade para ninguém que a cidade tem cenários paradisíacos e paisagens de tirar o fôlego de quem é amante do verão.
São diversas praias, grutas, ilhas, passeios, mirantes e pontos turísticos históricos como opções de lazer. Mas, nos últimos anos, uma atividade turística, considerada mais radical, tem sido cada vez mais procurada, tanto por turistas quanto pelos próprios moradores: as trilhas.
Esse crescimento da procura por essa atividade é explicado por quem trabalha na área, como é o caso do biólogo e guia ambiental Vinicius Santos.
"Esse boom do crescimento das trilhas aconteceu de dois anos para cá por meio das fotos e vídeos de Instagram que viralizaram nas redes sociais e foram atraindo cada vez mais turistas", explica Vinicius.
Os passeios, segundo o guia, são voltados para o ecoturismo e, durante as caminhadas, os participantes ganham a chance de se distrair um pouco do mundo urbano e sair da poluição das cidades.
A equipe dele conta com outros especialistas, como um profissional de educação física e um socorrista, para garantir a total segurança dos visitantes, prestando todo o apoio de preparação para uma caminhada.
Para ele, a realização das trilhas não é simplesmente um exercício, mas também um modo de ampliar o conhecimento ao turista.
"Nós falamos sobre a flora e a fauna e a cultura de nossa cidade e de nossa região", conta o biólogo.
Uma das trilhas que fazem sucesso em Arraial é a Trilha do Forno, a única indicada para quem vai fazer sozinho, justamente por ser a mais movimentada e mais segura, além de ser ideal para quem deseja fazer trilha com crianças.
Na trilha do mirante do morro da Cabocla é possível contemplar duas praias da cidade (Prainha e a Praia dos Anjos). Por isso, é ideal para quem curte admirar o nascer do sol, enquanto as trilhas da Praia Grande têm mirantes com vista privilegiada para o pôr do sol.
Para quem gosta muito de aventura, a pedida é a trilha da Ilha do Farol Velho, porém, o acesso ao local é feito somente por meio de embarcação que leva até a entrada da ilha. Também é necessário estar com um guia acompanhante e uma autorização da Marinha do Brasil.
Já quem quer ver uma praia quase não tocada pelo ser humano pode tentar fazer a trilha do mirante da Praia Brava.
Há também outras opções como o Lago do Amor, as trilhas da Restinga e as trilhas em terra.
Trilha da Praia do forno - Divulgação/Quero viajar mais
Há também outras opções como o Lago do Amor, as trilhas da Restinga e as trilhas em terra.
RISCOS EM PLENO PARAÍSO
As trilhas de Arraial do Cabo estão, em sua maioria, conectadas a vegetação de restinga e de Mata Atlântica, típicas de zonas costeiras. As belezas vistas por quem desbrava as trilhas, porém, vêm acompanhadas de perigos.
Segundo o biólogo Vinicius Santos, os riscos mais comuns, são os de contato com animais peçonhentos como cobras e aranhas, torção pelo esforço da caminhada, e principalmente os riscos para quem decide ir sozinho.
Para evitar parte desses problemas, a regra é clara.
“Todos os turistas e moradores, quando forem fazer uma trilha, procurem um guia credenciado e com alguma formação e conhecimento. Só assim evitarão os riscos os riscos”, relembrou Vinicius.
Só nos últimos dois anos, dois casos de turistas que morreram em trilhas de Arraial do Cabo receberam destaque na imprensa nacional.
Em 2018, a empresária Catarinense Fabiana Fernandes, de 30 anos, desapareceu após sair para uma trilha sozinha na manhã de um domingo.
Após postar uma última foto nas redes sociais em uma trilha da Prainha, a empresária passou três dias desaparecida.
O corpo dela só foi encontrado com a ajuda de um cão farejador já em estado de decomposição.
Segundo o G1, a catarinense foi vítima de violência sexual antes de ser morta e Matheus Augusto da Silva, de 22 anos, que acampava no local foi preso por ser o principal suspeito de ter cometido o crime já que ele foi a única pessoa vista no local antes do crime.
O outro caso foi mais recente, em agosto de 2019. O Cabo da Marinha, André Filipe Victor Figueiredo, de 28 anos, foi encontrado morto depois de passar quatro dias desaparecido.
Ele também foi sozinho a trilha que leva ao Lago do Amor, uma das atrações mais procuradas de Arraial. Sem saber as condições marítimas naquele dia, André foi engolido pela correnteza.
Um vídeo gravado pela câmera pessoal do militar foi encontrado e divulgado pelo G1. O vídeo mostrou o momento exato em que ele se afoga nas fortes ondas.
Após o acontecimento, medidas foram adotadas pelos órgãos responsáveis da Prefeitura e placas foram instaladas sinalizando interdição o acesso ao Lago do Amor.
Em nota, a Prefeitura de Arraial do Cabo lamentou profundamente os dois episódios fatais nas trilhas do município e relembrou a importância de quem desejar realizar as trilhas deve ir até a secretaria de Turismo ou Meio Ambiente para procurar um guia credenciado.
A reportagem entrou em contato com a Guarda Ambiental, responsável pela fiscalização do Lago do Amor e garantiu que o acesso ao local continua restrito a turistas com guias credenciados.
Acesso a trilha do Lago do Amor foi interditado após incidente - Divulgação/Prefeitura de Arraial do Cabo
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