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Davi Cêia

Canoa Havaiana: Um esporte de superação e amizade

A canoa havaiana é uma modalidade de esporte aquático que vem conquistando cada vez mais adeptos no Brasil. Atualmente a prática da canoa pode ter uma finalidade esportiva, recreativa ou turística, mas bem antes disso acontecer, as canoas tinham outras funções. As primeiras embarcações de canoa havaiana começaram a serem utilizadas aproximadamente há 3.000 anos na Polinésia, que é um conjunto de Ilhas do Oceano Pacífico. Naquela época os habitantes daquela região usavam as canoas como meio de transporte entre as ilhas que habitaram toda a extensão do triângulo da Polinésia, mas existem relatos de Madagascar, onde uma canoa muito similar era utilizada pelos nativos para a pesca e expedição, são regiões onde posteriormente surgiram as civilizações e as canoas, que se tornaram um instrumento cultural do Pacífico.


Em respeito à história dessa embarcação, alguns rituais e tradições são mantidas até os dias atuais. A Canoa Havaiana também é chamada de Canoa Polinésia, Outrigger Canoe, além dos nomes mais usados internacionalmente que são o Wa’a ou Va’a .

Diferentes canoas havaianas enfileiradas. Foto: Davi Cêia


A canoa havaiana como esporte

Apesar da origem ligada ao transporte entre ilhas, as canoas têm sido utilizadas ao longo dos séculos para competições. No Brasil, a modalidade Va’a se emancipou da entidade máxima da Canoagem Brasileira, criando sua própria entidade chamada de Confederação Brasileira de Va’a (CBVAA).


Uma das categorias mais comuns é a de canoas com seis remadores (V6 e OC6). Cada atleta possui uma função diferente durante a trajetória da canoa. O primeiro remador fica na parte dianteira, ditando o ritmo e a frequência das remadas. Já o segundo segue o primeiro, porém do lado oposto, dando ritmo e frequência ao quarto e ao sexto remador. O terceiro faz a contagem para troca de lado na remada, com as palavras de comando “Hip, Ho” anunciando a mudança. O quarto é o responsável por não haver oscilação, dando mais equilíbrio à canoa. O quinto tem a função de esgotar a água dentro da canoa, quando necessário. E, por fim, o sexto é o capitão da canoa, que tem a mais importante e respeitada função, por ser o último e dirigir a canoa fazendo o leme de direção.


Os remadores 1, 3 e 5 remam de um lado, os remadores 2, 4 e 6 remam do lado oposto. Foto: Davi Cêia

A prática desse esporte em Cabo Frio

A canoa havaiana começou a ser praticada em Cabo Frio em 2004. Uma das pioneiras desse esporte na cidade foi a atleta Claudia Sá, que começou a praticar o esporte aos 40 anos. Atualmente com 56, ela já possui vários títulos importantes dentro do Va’ar. Participou de todos os campeonatos brasileiros, alguns campeonatos estaduais e do Sul Americano de Canoa Havaiana desde 2011.


Hoje é uma das brasileiras mais premiadas da canoa havaiana. Claudia é pentacampeã sul americana (2012, 2013, 2015, 2016 e 2017) e bicampeã brasileira na categoria OC6 (2006 e 2010). Além disso, Cláudia também é instrutora na escola de Remo Kawala wa’a. Ela e sua equipe também participaram do festival Aloha Spirit. Essa foi a terceira e última etapa do festival que aconteceu entre os dias 22 e 24 de novembro na praia do Forte em Cabo Frio.

Claudia ao centro com o braço esquerdo na cintura junto com os seus alunos. Foto—8º4l0: Davi Cêia

Superação e amizade

Quem também competiu no Aloha Spirit foi Camila Dutra, de 37 anos, e sua esposa Mônica Barroso, de 34 anos. Elas se conhecem há nove anos e sofreram um grave acidente de carro em 2017.


“Estávamos em frente de casa, mexendo na mala do nosso carro. De acordo com a motorista que causou o acidente, o carro se desgovernou porque bateu em um bueiro aberto que estava próximo. A batida foi direta em nós, prensando a gente dentro das ferragens do carro e nos arrastando uns 10 metros”, contou Camila.


O acidente deixou grandes sequelas na vida de Camila e Mônica, as duas perderam uma perna. Um ano depois da tragédia elas conheceram a canoa havaiana, o Aloha Spirit e a Claudia Sá.


“A gente estava aqui na cidade e teve um projeto da marinha junto com a SOMAR, uma ONG que trabalha com turismo adaptado. Eles ficaram sabendo do nosso acidente, se comoveram, entraram em contato com a gente e sugeriram a prática da canoa havaiana” diz Camila.


Depois de já conhecerem a canoa havaiana, Camila e Mônica embarcaram em um desafio para lá de arriscado. Na falta de uma categoria feminina específica para deficientes, elas foram competir no Aloha na categoria Overall, que tem um longo trajeto de 20 quilômetros. Claudia, que naquele dia iria dar um treino para uma equipe no Aloha, ficou atenta a uma conversa que rolava na canoa ao lado e percebeu que tinha algo errado.


“Eu estava arrumando a canoa e ouvi elas falarem que iam fazer 20 quilômetros. O mar estava agitado e eu não conhecia essas meninas. Fiquei preocupada e fui até a canoa delas para saber o que estava acontecendo” conta Claudia.


Ao abordar a canoa em que estavam Camila e a Mônica, Claudia notou a inexperiência da equipe para fazer aquela prova e se propôs a fazer o leme para elas em uma categoria mais curta, de três quilômetros. A partir desse momento elas não se separaram mais. Atualmente, Claudia é instrutora da dupla, que participou do Aloha Spirit 2019 na categoria mista OC6 Parava’a, realizada na Praia do Forte, em Cabo Frio.

Da esquerda para a direita, Mônica, Claudia e Camila. Foto: Davi Cêia


O trio acabou construindo uma amizade através da canoa havaiana. A relação do casal com o esporte através da Claudia trouxe novos horizontes para vida delas.


“A prática do esporte modificou a nossa vida. A Claudia foi crucial para tirar a gente de uma depressão. Focamos na canoa havaiana e no conceito que ela traz, passando um espírito de harmonização, companheirismo, fraternidade, amor ao ambiente e à vida” afirma Camila.

Claudia orientando Mônica que está sentada na canoa para um treino. Foto: Davi Cêia


Para quem quiser saber um pouco mais sobre o trabalho de Claudia Sá na escola de remo Kawala wa’a, as aulas de canoa havaiana são realizadas três vezes por semana, na segunda, quarta e sexta feira, às 5h45 e às 7h15, no bairro da Passagem, em Cabo Frio. Mas se você quer apenas dá uma volta na canoa, não tem problema. Claudia também promove passeios de canoa havaiana todos os sábados a partir das 7 horas, na Praia do Forte. Você pode agendar o seu passeio diretamente com Claudia através do número (22) 98843-3202.

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