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Viviane Lopes

Eleições 2016 - o que pode e o que não pode

A última semana do mês de setembro também é a última da corrida eleitoral desse ano para as eleições municipais para os cargos de prefeito e vereador. O povo deve votar no dia 02 de outubro para escolher seu candidato para governar a cidade por mais quatro anos, mas o que muita gente não sabe é que uma reforma política aprovada em outubro do ano passado trouxe algumas diferenças nas campanhas.


Para o professor de Comunicação Social da Universidade Veiga de Almeida, especializado em marketing político, Wesley Aldivino, a reforma afeta em tudo relacionado a campanha dos candidatos. Principalmente porque a nova legislação impede a doação empresarial nas campanhas. "A partir do momento que tem esse impedimento é natural que o recurso trabalhado seja menor do que o trabalhado anteriormente. A gente está na reta final de eleições e não conseguimos ter o sentimento de eleição na rua como em outros momentos." afirma o professor. Ele acrescenta que se até mesmo os candidatos estão meio perdidos com o que pode e o que não pode ser feito depois da aprovação da reforma, o eleitor ficou ainda mais confuso.


Com menos dinheiro, mudanças na legislação de propaganda e redução de tempo de campanha ( de 90 para 45 dias), Aldivino acredita que é cedo para avaliar se as novas regras são de fato positivas ou negativas: "Quanto menos tempo, menos propaganda na rua, menos se discute política. Acho que tem um ponto de interrogação que tem que ser discutido. Existe uma tendência de redução do chamado caixa 2 e de uma menor utilização de recursos públicos e isso é positivo mas por outro lado a despolitização pode ser um ponto negativo nesse processo.".


Marketing político x Marketing eleitoral


Os dois termos muitas vezes se confundem, mas na verdade possuem diferenças relacionadas a estratégias e a conteúdo. O professor Wesley explica a diferença entre um e outro: "Ele se se confundem mas são diferentes ao ponto de que o marketing político hoje presume que você vai trabalhar a diferenciação do candidato de forma que ele possa ter esse posicionamento vendido na época de eleição mas que ele possa cumprir durante o período de mandato dele. Há uma necessidade de trabalho contínuo."


Dessa forma, o marketing político é composto por ações permanentes, com o objetivo de criar junto ao público, uma imagem que será usada tanto em futuras disputas eleitorais, como também em situações em que o apoio popular é necessário. Enquanto que o marketing eleitoral tem como foco, única e exclusivamente as ações de comunicação voltadas para um determinado pleito. " Essa história do político 'copa do mundo', aquele de quatro em quatro anos, ela tende a acabar e por isso existe uma maior necessidade de planejamento, o marketing politico ele vem contemplar essa ótica do planejamento, onde você vai trabalhar no produto candidato mas você vai trabalhar o produto político depois que ele ganha. O marketing político vem contemplar uma estratégia de longo prazo que o marketing eleitoral não contemplava." conclui o professor.


Votando de maneira consciente


Além da necessidade da conscientização dos brasileiros para as mudanças trazidas pela reforma política aprovada ano passado, é sempre bom lembrar o que os candidatos cumprem e que de fato podem cumprir. A futura publicitária Yasmin Chaves vai votar pela primeira vez esse ano e para um candidato ganhar o voto dela, a palavra chave é compromisso: "Ele tem que estar interessado em me mostrar as propostas dele e tudo tem que ser coerente. Ele tem que realmente tentar conquistar o meu voto de forma justa."


O advogado e professor de Direito da Universidade Veiga de Almeida, Filipe Borges, acredita que todo o cidadão tem direitos e deveres como eleitor. "Dentro dessa dinâmica de direitos e deveres eu particularmente entendo que o voto, ou sufrágio universal, é antes de mais nada o exercício do direito à cidadania. O primeiro passo para esse exercício da cidadania é você ter a possibilidade de maneira livre e consciente de dar o seu voto para determinado candidato. Aquele que você entende que melhor te represente." afirma Borges. Já como deveres, ele aponta a importância da atuação de cada cidadão como um agente observador de seu representante: "Uma das responsabilidades é a fiscalização daqueles que de alguma forma você ajudou a eleger."


Quando questionada se já tinha um candidato para votar nessas eleições, a estudante Yasmin diz que sim, mas que sentiu falta de propagandas para saber mais sobre os candidatos. Esse sentimento pode ser explicado por Aldivino como um dos possíveis frutos da nova reforma política. "As pesquisas iniciais que a gente começa a ter acesso, a gente começa a perceber que o público tá muito mais indeciso hoje do que estava há quatro anos atrás. A outra coisa é que aquele político que já era conhecido está levando uma vantagem enorme em frente aos outros desconhecidos. Menos tempo, mais vantagem pra quem já é conhecido." conclui.


De acordo com Borges, sendo mais conhecido ou não, a dica para exercer seu dever como cidadão brasileiro e votar em um candidato honesto é a formulação ou a reformulação de um processo de consciência. E o professor também reforça a importância de um processo de uma boa avaliação dos candidatos, como por exemplo, utilizando do recurso da ficha limpa. "Não estamos falando de iniciativa com o objetivo de atender a interesses de caráter pessoal. O objetivo maior, e não pode ser outro objetivo, é atender o bem da população de maneira democrática, ou seja, garantir direitos igualitários."

Confira agora alguns infográficos sobre as funções do vereador e sobre o que os candidatos podem ou não podem fazer em suas campanhas:

*Infográficos por Eurico Luiz

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