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São Pedro da Aldeia entre contrastes: do acúmulo ao reaproveitamento de resíduos sólidos

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    AEC
  • há 1 dia
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Atualizado: há 9 horas

Local destinado ao futuro bosque, na Rua Francisco Romão - Nova São Pedro / Imagem: Luana Daher
Local destinado ao futuro bosque, na Rua Francisco Romão - Nova São Pedro / Imagem: Luana Daher


Manejo de resíduos sólidos, coleta seletiva e reciclagem. O saneamento básico vai muito além do acesso à água e ao esgoto tratado. Ele envolve também a limpeza urbana, a drenagem e a gestão adequada do lixo produzido nas cidades. Trata-se de um direito assegurado pela legislação federal nº 11.445/2007 e atualizado pelo Marco Legal do Saneamento -  Lei nº 14.026/2020 que estabelece as diretrizes nacionais para o saneamento básico. Na prática, porém, esse direito ainda revela as desigualdades que marcam o espaço urbano e geográfico. Em São Pedro da Aldeia, um município localizado na Região dos Lagos do Rio de Janeiro, essas nuances podem ser percebidas a olho nu.


Praça Agenor Santos, Centro - Imagem: Luana Daher
Praça Agenor Santos, Centro - Imagem: Luana Daher
Praça Agenor Santos, Centro - Imagem: Luana Daher
Praça Agenor Santos, Centro - Imagem: Luana Daher

Praça Agenor Santos, Centro - Imagem: Luana Daher
Praça Agenor Santos, Centro - Imagem: Luana Daher

No coração da cidade, a Praça Agenor Santos, conhecida pelos moradores como Praça da Igreja, é um dos espaços mais acolhedores da cidade. Cercada por árvores, ela é um refúgio para famílias e crianças que se reúnem ali ao fim da tarde, quando o sol se despede. O parquinho bem cuidado abriga até mesmo brinquedos inclusivos. Os bancos permanecem limpos, o chão livre de resíduos, reflexo de uma rotina de coletas diárias e de uma limpeza urbana que se faz notar em cada detalhe. 


Alguns quilômetros além do centro, a paisagem muda. O que na Praça Agenor Santos se mostra em limpeza e organização, nas regiões periféricas se revela em abandono e acúmulo, como relata Gabriela Tinoco, 31 anos, moradora  do bairro Morro dos Milagres. 


“Moro em São Pedro da Aldeia há 23 anos e, no Morro dos Milagres, desde que me casei. Lá não é asfaltado, mas na prefeitura consta como se fosse. Então a prefeitura asfaltou do pronto-socorro uma metade e de onde a gente sobe a outra metade é chão, nosso pé fica russo. É lixo na rua,  é mato grande, ninguém vai lá cuidar”.


Para lidar com a irregularidade da coleta, Gabriela conta que os próprios moradores criaram soluções improvisadas. “O pessoal lá onde eu moro, no condomínio a gente fez tipo uma casinha, aí na outra rua também fizeram uma casinha quadradinha, todo mundo joga os seus lixos lá.”


Casinha de Lixo, Morro dos Milagres - Imagem: Luana Daher
Casinha de Lixo, Morro dos Milagres - Imagem: Luana Daher

Casinha de Lixo, Morro dos Milagres - Imagem: Luana Daher
Casinha de Lixo, Morro dos Milagres - Imagem: Luana Daher

Casinha de Lixo, Morro dos Milagres - Imagem: Luana Daher
Casinha de Lixo, Morro dos Milagres - Imagem: Luana Daher

O contraste entre esses dois espaços mostra que, em São Pedro da Aldeia, o cuidado com a cidade ainda não alcança todos os seus moradores da mesma forma.


Outra moradora, Suzana, 36 anos, relata que o marido foi internado por nove dias com uma infecção grave após contrair leptospirose, causada pela presença de ratos durante semanas de acúmulo de lixo. “Meu esposo pegou leptospirose há uns dois ou três anos por causa do acúmulo de lixo. Um vizinho quebrou a casa toda e deixou os resíduos da obra na calçada, porque a prefeitura recolhe depois. Com o tempo, o lixo começou a atrair ratos. Só percebemos quando vimos um rato saindo da casa dele e entrando no nosso quintal. Sem pensar, meu marido foi varrer descalço e acabou se expondo à doença. Ele precisou ser internado, e os exames mostraram que a infecção estava avançando, atingindo o baço, rins e fígado. Foi muito chocante.”


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No Brasil, a geração de resíduos sólidos urbanos ultrapassa 82 milhões de toneladas por ano, segundo a Associação Brasileira de Empresas de Limpeza Pública (Abrelpe). Desse total, mais de 30% ainda não têm destinação adequada, acumulando-se em lixões, terrenos baldios e áreas naturais, comprometendo não apenas o meio ambiente, mas também a saúde pública e a qualidade de vida de milhares de pessoas.


Lixo acumulado nas ruas do bairro Morro dos Milagres - Imagem: Luana Daher
Lixo acumulado nas ruas do bairro Morro dos Milagres - Imagem: Luana Daher

De acordo com o site oficial da prefeitura de São Pedro da Aldeia, a coleta do lixo no Bairro Morro dos Milagres ocorre às segundas, quartas e sextas, no período da tarde.


Para além das coletas, o bairro carece de limpeza urbana regular e de projetos consistentes de conscientização e educação ambiental. Muitos moradores ainda têm o hábito de descartar o lixo nos locais inadequados, como destacou uma moradora durante a entrevista: “Na escola da minha filha eles ensinam sobre a coleta, mas os vizinhos continuam jogando lixo na rua. Tem um lixão ali perto, até mesmo sofá, o povo joga de tudo. A prefeitura recolhe, mas eles jogam de novo. Aí começa a aparecer rato, barata, entende?”


O improviso tornou-se rotina, revelando como a falta de fiscalização e educação ambiental amplia os riscos à saúde e ao meio ambiente.


Acúmulo de lixo, Morro dos Milagres - Imagem: Luana Daher 
Acúmulo de lixo, Morro dos Milagres - Imagem: Luana Daher 

O caminho do Lixo


Caminhão de Coleta, Centro - Imagem: Luana Daher
Caminhão de Coleta, Centro - Imagem: Luana Daher

A gestão dos resíduos sólidos em São Pedro da Aldeia é responsabilidade da Secretaria Municipal de Serviços Públicos, que terceiriza a coleta do lixo ordinário, a limpeza urbana e a capina. Durante a limpeza do centro da cidade entrevistamos dois garis, Cícero e Ana Cláudia Silva, que explicaram como o serviço funciona. Segundo eles, o centro permanece sempre limpo, com caminhões de coleta passando regularmente e equipes de garis atuando diariamente. Quanto à separação de materiais, apenas vidros e folhas são coletados de forma diferenciada, sendo os vidros enviados para uma cooperativa em Cabo Frio e o restante do lixo segue sem qualquer triagem.


Perguntados sobre períodos ou locais mais críticos, eles apontam o verão, quando a cidade recebe turistas: “A cidade fica mais suja quando têm turistas, fora esse período é mais tranquilo”, explicam. 


Cícero comenta: “O que mais me incomoda é a falta de educação das pessoas. Às vezes estão perto da lixeira, mas preferem colocar o papel de bala ou saco de biscoito no banco da praça.”


Ana Cláudia completa: “E quando estamos varrendo? Tem gente que joga lixo justamente onde já está limpo.”

Cícero e Ana Cláudia são exemplos de uma mão de obra quase invisível, mas essencial para o bem-estar da cidade. Mãos que varrem e acenam com o mesmo sorriso no rosto.


Cícero e Ana Claudia - Imagem: Luana Daher
Cícero e Ana Claudia - Imagem: Luana Daher

Segundo Cícero e Ana Cláudia, a cidade de São Pedro ainda não conta com um serviço oficial de coleta seletiva. No entanto, esse trabalho é realizado de forma independente por dezenas de catadores e centros de coleta espalhados pela cidade. A atuação desses profissionais é essencial: sem eles, a quantidade de lixo acumulado seria ainda maior, aumentando os riscos ao meio ambiente, à saúde pública e prejudicando a economia gerada pela reciclagem.


Foto: Rodrigo Marinho/G1
Foto: Rodrigo Marinho/G1

Em São Pedro, diversos postos de coleta recebem os resíduos da cidade, e visitamos um deles - O Reciclagem Metal Mix, no Bairro Morro dos Milagres. O local se destaca pela organização e limpeza, transmitindo a dedicação de quem trabalha ali. Para os responsáveis, quase nada é considerado lixo: tudo que pode ser transformado é reaproveitado ou reciclado, e somente o que não tem utilidade é descartado. “Só não trabalha quem não quer”, diz Claudia, administradora do local, enquanto recebe os materiais de um catador. “Isso aqui é ouro, e estamos deixando de jogar tudo na rua, salvando o meio ambiente. Imagina se isso não existisse?” provoca, mostrando a importância do trabalho que realizam para a comunidade e para o meio ambiente.


Imagens: Luana Daher
Imagens: Luana Daher
Imagens: Luana Daher
Imagens: Luana Daher
Imagens: Luana Daher
Imagens: Luana Daher
Imagens: Luana Daher
Imagens: Luana Daher

Iniciativas positivas que fazem a diferença


O trabalho de Cláudia e dos catadores mostra que, mesmo diante das dificuldades, iniciativas locais podem transformar a realidade do lixo na cidade. E nem só de desafios vive São Pedro da Aldeia: projetos de educação ambiental, programas escolares e ações comunitárias vêm reforçando a conscientização sobre a importância de descartar corretamente os resíduos e preservar o meio ambiente.


A educação ambiental é uma poderosa ferramenta de sensibilização e transformação. Possui princípios que ajudam a desenvolver a consciência local e global.  O Art. 1 º da Lei federal 9.795 nos traz a definição de educação ambiental: Entendem-se por educação ambiental os processos por meio dos quais o indivíduo e a coletividade constroem valores sociais, conhecimentos, habilidades, atitudes e competências voltadas para a conservação do meio ambiente, bem de uso comum do povo, essencial à sadia qualidade de vida e sua sustentabilidade.


De acordo com Leonardo Rosas Jacinto, diretor da Secretaria do Meio Ambiente e Pesca de São Pedro da Aldeia, a cidade desenvolve um trabalho de educação ambiental com as crianças da rede municipal de ensino, em parceria com a Secretaria Municipal de Educação. Entre os projetos, destaca-se o “EcoEscola: Educação Ambiental na Prática”, que promove a conscientização sobre preservação ambiental, aproximando alunos e professores da terra e fortalecendo o senso de pertencimento ao meio ambiente local. O projeto também integra uma política pública alinhada aos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável da ONU, oferecendo atividades como trilhas educativas, oficinas e palestras nas escolas.


Fotos: Divulgação
Fotos: Divulgação
Fotos: Divulgação
Fotos: Divulgação

Outro exemplo inspirador é o “EcoLiteratura”, que une meio ambiente e literatura. As crianças menores participam de atividades lúdicas sobre preservação da natureza, enquanto os alunos maiores realizam leituras, composições de poesias e atividades interdisciplinares, promovendo reflexão e conscientização ambiental de forma criativa.


Fotos: Thamyris Aquino/PMSPA
Fotos: Thamyris Aquino/PMSPA

Outra iniciativa desenvolvida em algumas cidades da Região dos Lagos e também em São Pedro da Aldeia é o Programa de Educação Socioambiental “Saúde Nota 10”, uma ação de responsabilidade social da Prolagos voltada à conscientização ambiental de alunos do 1º ao 5º ano das escolas públicas. O programa aborda temas como a importância do acesso à água tratada, ao esgoto adequado e o papel do cidadão na preservação dos recursos naturais. Em agosto deste ano, o projeto chegou à Escola Municipal São Francisco de Assis, no Parque Arruda, em São Pedro da Aldeia. A atividade contou com a presença do mascote Prolaguito, que apresentou os temas ambientais em formato teatral, unindo aprendizado e diversão. As crianças também receberam materiais educativos e brindes, reforçando a mensagem de que pequenas atitudes fazem grande diferença no cuidado com o meio ambiente.


Imagem: Prolagos
Imagem: Prolagos

Imagem: Prolagos
Imagem: Prolagos


Reflorestamento de área no bairro Nova São Pedro


Imagens: Luana Daher
Imagens: Luana Daher

Imagens: Luana Daher
Imagens: Luana Daher

A área observada na imagem fica no bairro Nova São Pedro, em frente a Faetec. O futuro Central Park Aldeense como é chamado pelo diretor da Secretaria de Meio Ambiente e Pesca, Leonardo Rosas Jacinto. Segundo ele, o espaço faz parte do projeto de reflorestamento desenvolvido pela pasta. “Já pensando na supressão vegetal ocasionada pela expansão imobiliária, uma das medidas adotadas pela secretaria como compensação ambiental foi o reflorestamento”, explica. A compensação ambiental tem como objetivo mitigar os impactos causados por intervenções humanas, podendo ser aplicada de diferentes formas, conforme a legislação federal, estadual ou municipal, e levando em conta o bioma e o estágio de regeneração da vegetação.


Recuperação do antigo lixão


Antigo lixão - Imagens: Luana Daher
Antigo lixão - Imagens: Luana Daher

Antigo lixão - Imagens: Luana Daher
Antigo lixão - Imagens: Luana Daher

A cidade de São Pedro da Aldeia abrigava, no bairro Alecrim, um lixão desativado em 2004 por determinação judicial. Atualmente, a área está em fase de reflorestamento, considerada por especialistas como a etapa final do processo de restauração ambiental. No entanto, ainda não existe um laudo técnico que comprove a recuperação total do local.


A engenheira ambiental Kellyana da Silva Vasconcelos explica que esse é um processo demorado e sem prazo definido. “A recuperação de um lixão é longa. Não há um tempo fixo, pois o resultado depende de fatores como o tamanho da área, a quantidade e o tipo de resíduos depositados, além das técnicas aplicadas. Em alguns casos, pode levar décadas para que o terreno comece a se regenerar de forma significativa”, afirma.


Exemplo de tempo de recuperação


O Lixão de Gramacho, em Duque de Caxias, na Baixada Fluminense, foi por décadas considerado um dos maiores da América Latina. Seu fechamento ocorreu em 2012, após trinta anos recebendo resíduos. A estimativa inicial era de que a recuperação ambiental levaria, no mínimo, quinze anos. Onze anos depois, em 2023, uma reportagem do Jornal do Rio, da emissora Band, mostrou sinais de regeneração, com a volta da vegetação de manguezal na área. Ainda assim, o entorno segue enfrentando desafios com o descarte irregular de lixo, o que continua representando riscos ao meio ambiente e à saúde pública.


Caio Barretto Briso/Agência Pública
Caio Barretto Briso/Agência Pública

Chorume Ameaça Manguezal- Foto do Leitor para Coluna Ancelmo Gois - O Globo
Chorume Ameaça Manguezal- Foto do Leitor para Coluna Ancelmo Gois - O Globo

Aterro Sanitário - A energia que vem do lixo


Imagens: Luana Daher
Imagens: Luana Daher
Imagens: Luana Daher
Imagens: Luana Daher

Inaugurado no bairro Alecrim, São Pedro da Aldeia,  em 2008, o aterro sanitário da empresa Dois Arcos recebe todos os resíduos sólidos gerados na cidade de São Pedro da Aldeia e de outras cidades da Região dos Lagos, realizando a separação e o tratamento do chorume. 

No mesmo local funciona a  Usina de Tratamento de Biogás realizando o processamento e gaseificação do lixo e envio do gás metano para abastecimento de veículos movidos a GNV. A empresa que também é responsável pelo reflorestamento da área degradada do antigo lixão, é pioneira no Brasil na produção de biometano em escala comercial. Gerando valiosa contribuição ambiental, com a mitigação da poluição atmosférica através da captura e destruição do metano produzido neste aterro sanitário 


Legislação ambiental 


A Secretaria Municipal de Meio Ambiente criou um Grupo de Trabalho voltado à discussão e implementação de políticas públicas nas áreas de educação ambiental, preservação ecológica e saneamento básico, entre outros temas. As ações seguem as orientações das cartilhas e legislações ambientais vigentes, como a Política Municipal de Resíduos Sólidos, que estabelece diretrizes para a gestão integrada e o gerenciamento dos resíduos, definindo as responsabilidades dos geradores, os mecanismos de logística reversa e os instrumentos econômicos aplicáveis.


Entre as normas mais recentes, destaca-se o Decreto nº 141, de 9 de outubro de 2025, que regulamenta o gerenciamento dos resíduos sólidos produzidos por grandes geradores e pelos serviços de saúde, reforçando o compromisso do município com uma gestão ambiental mais eficiente e sustentável.


Cooperativa Cooper Aldeense


Mesmo diante das dificuldades, São Pedro da Aldeia começa a construir novos caminhos. A Cooper Aldeense, ainda em processo de estruturação, nasce com a proposta de reunir catadores e trabalhar o reaproveitamento de materiais recicláveis, promovendo renda e consciência ambiental. O movimento é recente, mas aponta para um futuro mais sustentável — e experiências bem-sucedidas em outras cidades mostram que é possível transformar a realidade por meio da organização e do apoio institucional.


Um exemplo é o da AVEMARE, cooperativa de catadores de Santana de Parnaíba (SP), que se consolidou após o fechamento do lixão local em 2005. Com o apoio da prefeitura, de institutos parceiros e do IPESA (Instituto de Projetos e Pesquisas Socioambientais), o grupo recebeu capacitação, infraestrutura e incentivo à coleta seletiva, tornando-se uma referência em gestão cooperativa e boas práticas ambientais.


De acordo com informações do site do IPESA, a experiência da AVEMARE demonstra como o investimento em formação e estrutura pode transformar iniciativas de reciclagem em projetos sólidos de inclusão social e sustentabilidade — um caminho que São Pedro da Aldeia também começa a trilhar com a Cooper Aldeense.


Qual será o legado?


O cuidado com o meio ambiente revela o legado que perdurará por gerações. Em cada rua, em cada bairro, cada gesto consciente. Separar o lixo, plantar uma árvore, ensinar crianças sobre coletas seletivas. São Pedro da Aldeia mostra que, mesmo diante dos desafios, é possível construir caminhos de sustentabilidade e cidadania. 


Reportagem: Luana Daher e Natália Siqueira

Texto: Luana Daher, Natália Siqueira, Camily Rôcha e Analice Ruas

Revisão: Camily Rôcha

Transcrição de áudios: Analice Ruas

Fotografia e edição de imagens: Luana Daher


Agradecimentos: Aos moradores, catadores e servidores públicos que compartilharam suas histórias e experiências, contribuindo para a realização desta reportagem.

 
 
 

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