Órgãos e pescadores aplicam processos para buscar a melhora na degradação ambiental da lagoa
Neste ano foi publicado na “Revista de educação ambiental” o artigo “Impactos na Lagoa de Araruama e percepção ambiental da comunidade da praia do Siqueira, Cabo Frio (RJ)”. Este texto afirma que essa é a maior laguna hipersalinica, responsável por banhar seis municípios da região, sendo um deles Iguaba Grande “vem sofrendo perda na qualidade ambiental”, citando como principais problemas a intervenção humana e a ampliação populacional nas regiões litorâneas, tendo como consequência o aumento de resíduos orgânicos.
Os impactos de degradação gerados na lagoa por meio da água não tratada, que pode conter material orgânico, provoca uma intensificação na salinidade. Segundo o secretário de agricultura, abastecimento e pesca do município de Iguaba Grande, Thiago Dutra, a população de peixes por exemplo, não é afetada só pela água não tratada, como esgoto, mas até mesmo pelo afluente livre de resíduos. Mesmo quando a água doce e outros despejos como os vindos do sistema de tempos secos vão para a laguna, eles diminuem a salinidade e afetam toda a vida marinha, dos peixes até a proliferação de algas.
De acordo com o secretário de meio ambiente de Iguaba Grande, Paulo da Paz, o sistema de tempos secos, responsável pelo tratamento de esgoto “só prejudica a laguna quando a barragem é aberta em caso de chuvas intensas e a matéria orgânica concentrada no fundo é carregada para dentro da lagoa”. Dutra completa: “A eficiência é baixa”, oferecendo como solução o sistema de rede separativa, afirmando ser o mais apropriado para a região.
No ano de 2000 “a lagoa praticamente chegou a morte”, tendo como consequência a interrupção da pesca local, mandando os pescadores para a Baía da Ilha Grande, afirma o pescador Francisco Neto, completando que nesses últimos anos houve uma melhora significativa graças as ações de desassoreamento do canal Itajuru, que é o processo de limpeza realizado no fundo da lagoa, implantação das estações de tratamento e captação de esgoto.
Atualmente a lagoa passa por um processo de revitalização, que conta com o apoio do Consórcio Intermunicipal Lagos São João, Secretaria de Meio Ambiente de Iguaba Grande. Além disso, os pescadores locais da praia da Pitóra e Baleia, auxiliam no recolhimento de poluentes nas orlas de lugares que não possuem apoio da prefeitura para fazer a retirada de lixo. Diante da iniciativa, o número de interessados no processo cresceu, contando atualmente com as comunidades pesqueiras de Arraial do Cabo, Cabo Frio, Araruama e Iguaba Grande.
A moradora de Iguaba, Sonia Regina relata que pôde observar melhoras na lagoa devido à coloração da água, que aparenta estar mais clara e também por meio do término do forte cheiro que antes era presente na laguna. Afirma o secretário Thiago Dutra que: “Nos últimos dois anos apareceram tainhas com mais de 2 quilos, peixe que desde 1999 não apareciam na nossa laguna”.