Seu início foi nos Estados Unidos, mas a cultura vem se disseminando pelo Brasil, até nas cidades pequenas.
Se algum dia, no passado, alguém virasse para você e lhe convidasse para comer algo preparado dentro de um caminhão ou uma van, você comeria? Hoje em dia é comum. Os chamados food trucks vêm se tornando cada vez mais corriqueiros nas culturas de diversos países, incluindo o Brasil, mas como você deve imaginar seu início não foi aqui.
Ilustração: Letícia lourenço
O nome food truck significa em português, caminhão de comida. Eles são caminhonetes gastronômicas que oferecem comidas rápidas com menor infraestrutura, ou seja, um gasto menor para o empreendedor. Sendo assim para entender seu começo precisamos conhecer um fazendeiro do Texas, chamado Charles Goodnight que em 1866 criou uma carroça que era como uma cozinha portátil. Após alguns anos, em 1872, Walter Scott cortou as janelas de um vagão de trem e fez o primeiro food truck. Ele o estacionou na frente de um escritório do jornal local em Providence, nos Estados Unidos, vendendo torta e café.
A história não acaba aí. A ideia de vender algo de forma móvel começou a se espalhar e surgiram fornecedores de salsicha ao longo do Campus da Ivy League Universities. Em seguida, em 1936, Oscar Mayer lançou o primeiro carrinho portátil de cachorro-quente. Já em 1950, com a 2ª Guerra Mundial, nasceram os caminhões de sorvete, depois os caminhões de tacos e a moda foi se expandindo. A partir daí os trucks não pararam de evoluir e ficaram ainda mais populares anos depois com a crise econômica nos EUA, em 2008.
Ilustração: Letícia lourenço
No Brasil, a moda do food truck chegou entre 2012 e 2013, na cidade de São Paulo. Em 2014 o comércio já era tão grande que passaram a existir os food parks, onde é possível encontrar diversas opções em um único lugar, como pastéis, açaí, sorvete, hambúrguer, churrasco e outros. Apesar de o Brasil ter se adaptado tão rápido ao novo negócio, a cultura predominante ainda é a americana.
Na cidade de Iguaba Grande, Região dos Lagos, além de uma praça localizada no centro, onde os carros trucks podem ficar durante a semana, foi produzido um evento pela prefeitura atraindo mais carros para a cidade. As opções de sabor mais comuns são sanduíches, hambúrgueres artesanais, batata frita, cachorro-quente e outros, que são comidas tradicionais dos EUA.
Filipi Maia, formado em gastronomia e dono do “Serendipity”, um food truck localizado em Iguaba Grande, contou um pouco da sua experiência. Segundo ele, que veio do Rio de Janeiro, a população de cidade pequena ainda tem muita resistência em entender a proposta do negócio. Por não ser uma loja coberta com infraestrutura maior, acham o preço absurdo. “Um hambúrguer artesanal, de costela bovina, que eu vendo a R$ 10, porque é um preço acessível, eu vendia a R$ 25 no Rio”, explicou.
No evento “Food Beer Fest”, que contou com cerca de 15 food trucks, realizado em Iguaba Grande, apenas dois trucks possuíam clássicos brasileiros, como caldos e pastéis. As suas opções eram da gastronomia americana ou até mesmo de outros lugares, como a cerveja, que existe há mais de dez mil anos no mundo, tendo sua origem desconhecida.
O morador da cidade, Renato Leal, de 29 anos, contou um pouco sobre a experiência dele com o food truck. Ele já é cliente fixo deste food park e geralmente consome hambúrguer artesanal. Para ele, existe um diferencial da loja física, que não é como um fast food, tem mais cuidado, “não deixa de ser uma modinha implantada, era um podrão de 20 conto, que agora é gourmet”.
Vídeo de aprestação do Festival "Food Beer Fest". Arquivo cedido pela ASCOM de Iguaba Grande.
Enquanto no Brasil, o food truck acabou sendo um reflexo de algo criado nos Estados Unidos, algumas reportagens já mostram a cultura brasileira alcançando novos lugares. O “Made in Brazil” consiste em um caminhão gastronômico apenas de comidas típicas brasileiras, que vão desde pasteis fritos até a famosa coxinha de frango. Esta ideia veio de Mouritsen, filha de um brasileiro. Já na Austrália, um homem que conheceu o famoso “pão de queijo” decidiu levar a especiaria para os trucks. E assim, vemos a cultura brasileira se expandir.
É notável que a americanização está muito presente, mas em alguns lugares podemos ver uma soma, a cultura brasileira se disseminando junto com a americana. O food truck já alcançou cidades pequenas como Iguaba Grande, na Região dos Lagos. Sua expansão não pára. Breve veremos mais do Brasil sobre rodas.