Um pedaço da cultura desta cidade, é a Casa de Cultura que preserva a história da “princesinha da região dos lagos”
Casa da Cultura na cidade de Iguaba Grande, Região dos Lagos. Foto: Sarah Bellas
Dois quartos, sala, cozinha e banheiro. Nada chamativo, não é? Foi isso que a família de Escolástica de Assis Canellas, responsável pela construção da casa deve ter pensado por volta do século 19. No entanto, seu destino reservou um lugar de importância em Iguaba Grande, na Região dos Lagos. Tantos anos depois, hoje a chamamos de “Casa de Cultura”, um patrimônio histórico da cidade. Esta casa veio a se tornar um centro de memórias, onde são guardados fragmentos da história da cidade e também abre suas portas para exposições culturais, além de concentrar diversas oficinas como de dança, teatro, canto e outras.
“Iguaba” é um termo de origem tupi que significa “lugar de beber água, bebedouro”, através da junção dos termos ‘y (água), ‘u (ingerir) e aba (lugar). O município, cercado pela Laguna de Araruama, tinha como principal atividade a extração e exportação do sal na década de 40 e a maior parte da população vivia da pesca. Até 1940, Iguaba Grande, ainda era um distrito da cidade de São Pedro da Aldeia, com apenas 500 habitantes e sem iluminação pública. Em 1995, no dia 8 de junho, Iguaba foi emancipada, quando cerca de 94% dos eleitores foram favoráveis a independência da cidade.
Através de relatos de moradores antigos da cidade, descobriu-se a história dessa casa que hoje tanto chama atenção. Seu espaço já serviu como escola, onde os alunos realizavam suas tarefas debaixo da Tamarineira, árvore essa que ainda existe no local. O Polo Gastronômico da Tamarineira, que foi inaugurado recentemente na cidade, ganhou esse nome em homenagem a essa árvore centenária que já faz parte da história da cidade. A casa também já foi uma farmácia, uma delegacia provisória e até um espaço onde a igreja católica realizava a catequese.
Atualmente a casa possui a sala “Zé Trindade”, que é a sala de exposição, onde artistas da região são convidados a expor seus trabalhos. O mais recente foi uma a exposição fotográfica de “Lambe-Lambe” uma câmera antiga. Existem também as salas de “Resgate e Preservação da memória de Iguaba Grande” onde é possível conhecer um pouco mais sobre a cidade, com maquetes, fotos e artefatos expostos. A Casa de Cultura também recebe eventos culturais da cidade, como o “Círculo das Artes” que conta com a apresentação das oficinas ali realizadas, como dança, teatro e músicas aprendidas nas aulas de violão, teclado ou canto.
As oficinas oferecidas são inteiramente gratuitas e abertas para todos os moradores da cidade, mas as vagas são limitadas. A faixa etária das oficinas varia de acordo com a modalidade. A procura costuma ser grande, cerca de 40 vagas são ofertadas e quase sempre todas são preenchidas.
O diretor da Casa de Cultura, Elias Marinho, contou um pouco sobre a importância da casa para a cidade: “Na época de férias recebemos muitos turistas que querem saber o que tem na Casa de Cultura. Ela é um lugar de referência, onde além dos turistas, os munícipes podem conhecer nossos valores históricos e objetos que contam história da cidade. As oficinas também são importantes, porque é uma forma de ocupar as crianças e descobrir os talentos que a nossa cidade tem. ”
Elias ainda explicou que, infelizmente a procura pelo patrimônio no dia a dia não é tão grande, o horário de funcionamento da casa é das 8 às 17 horas, que acaba coincidindo com o horário de grande parte dos trabalhadores da cidade. Porém, com a realização das oficinas muitos alunos e até pais de alunos transitam pela casa, o que indiretamente vai disseminando a cultura.
Manuella Magalhães, de 20 anos é moradora da cidade e conheceu a Casa de Cultura quando criança, chegou a participar das aulas de teclado ministradas na casa, mas não sabia que as oficinas ainda existiam. “Cultura é uma coisa importante e é sempre bom ter o incentivo, ainda mais de graça”, declarou Manuella.