Pesquisas apontam que a condição não afeta somente a trabalhadores, mas também a estudantes universitários.
Esgotamento Profissional e Neurose Profissional. Você já escutou esses termos em algum lugar? Estas são denominações que se referem à síndrome de Burnout, um transtorno que acontece devido aos prolongados níveis de estresse, estimulado pelas atividades trabalhistas, que vem ganhando força entre profissionais de diversas áreas.
Uma pesquisa da sede brasileira da Internacional Stress Management Association (ISMA) estima que aproximadamente 32% dos trabalhadores, do país, sofram com o estresse. Porém, novas pesquisas apontam que essa síndrome não se limita apenas ao ambiente profissional, afetando, também, à vida de estudantes universitários.
(Imagem: pixabay)
Entre as causas que contribuem para a condição em estudantes, são as elevadas cargas horárias das disciplinas, obrigações com estágio e a sensação de estarem sendo, constantemente, avaliados.
A síndrome causa exaustão emocional, despersonalização e baixa realização nas tarefas, comprometendo as esferas física, comportamental e psíquica. Respectivamente, os sintomas são: problemas com o sono, fadiga e dores musculares; traços de impaciência, tendência ao isolamento e, principalmente, perda de interesse pelas atividades; E alteração na memória, perda de iniciativa, falta de atenção e concentração.
“Eu queria distância das minhas obrigações, não tinha vontade de fazer nada. Ficava desmotivado e preferia manter distância das outras pessoas”, conta o estudante universitário, João Caetano.
A psicóloga e psicanalista Camilla Duarte, vencedora do “Top Of Mind Brazil 2019” e palestrante internacional de Inteligência Emocional pela CEI, acrescenta que outros sinais frequêntes da síndrome de Burnout, incluem a procrastinação das tarefas profissionais, assim como faltas regulares ou atraso no horário de trabalho. “Além disso, quando se tira férias, é comum não sentir prazer durante esse período, voltando para o trabalho com a sensação de ainda estar cansado”, esclarece ela.
Os estudantes da área de Saúde são os mais predispostos a contraírem a síndrome, uma vez que, no começo da vida acadêmica, estes alunos possuem grande quantidade de material para estudos e, na fase final, precisam conciliar a prática profissional obrigatória – com elevadas cargas horárias – à avaliações.
Segundo o levantamento feito pela OCDE (Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico), em 2019, cerca de um terço dos estudantes universitários brasileiros, após três anos, abandonam o curso.
(imagem: <ahref="https://www.freepik.com/free-photos- vectors/business">Business photo created by yanalya - www.freepik.com</a>)
Consequentemente, à medida que os alunos sofrem com o alto grau de estresse e inconstância no ambiente educacional, alguns professores enfrentam as mesmas causas do Burnout, resultando na sensação de fracasso – gerados pela relação aluno-professor –, difíceis condições de trabalho e sentimento de impotência. Logo, estes profissionais têm dificuldades ao envolverem-se na docência, ausentando-se de carisma e emoção na relação com estudantes, afetando não somente à aprendizagem e a motivação dos alunos, como também o comportamento dos mesmos.
“Muitas vezes eu me vejo estafado, muito cansado, e até um pouco triste, por estar fazendo tantas coisas. Porém, precisamos ter uma tranquilidade para lidar com essas muitas demandas que a vida pós-moderna nos propõe”, diz o professor e coordenador do curso de jornalismo da UVA, Daniel Paes.
Para evitar a queima total que a condição tenciona, o tratamento inclui uso de antidepressivos e psicoterapia, além de atividades físicas regularmente e praticas de relaxamento. Mais recentemente, uma nova abordagem para combater a síndrome de Burnout baseia-se em aprimorar a habilidade de resiliência do indivíduo, apoiando-se na ideia de melhora nos métodos de trabalho, a fim de evitar uma “combustão” do corpo e da alma.