Iniciativa une educação ambiental e práticas sustentáveis, envolvendo moradores, estudantes e pescadores locais na preservação das aves marinhas e dos ecossistemas costeiros.
Matéria por: Kamila Rossi, Hellen Paixão e Ester Werly.
História do Projeto Albatroz
Fundado em julho de 1990 em Santos, litoral paulista, o Projeto Albatroz surgiu das pesquisas da bióloga Tatiana Neves sobre a captura incidental de aves marinhas no Brasil, com o objetivo de preservar albatrozes, petréis e conscientizar a população e os pescadores sobre a importância de práticas sustentáveis. Em parceria com o Projeto Tamar, o Albatroz atua em várias cidades do país, incluindo Cabo Frio - RJ, onde mantém o Centro de Visitação e Educação Ambiental Marinha, um espaço voltado para promover a cultura oceânica e a educação ambiental, abordando a valorização dos ecossistemas, a preservação da biodiversidade marinha e a proteção das aves marinhas.
Através de visitas monitoradas, guias especializados educam o público sobre a importância da preservação ambiental. Fundadora do Projeto, Tatiana comentou sobre o espaço em Cabo Frio: “Pretendemos utilizar o Centro Albatroz como uma área, como uma ferramenta para a inclusão social.”
Além disso, contou também sobre quais são os planos para o Centro de Visitação: “Queremos receber as comunidades da região. Cursos formativos, capacitação de mão de obra e diversas outras atividades na área cultural, de meio ambiente, mas também de trabalho, de capacitá-los.”
Projeto leva Educação Ambiental para Escolas e Comunidades na Região dos Lagos
Trazendo esperança para a preservação ambiental da região, alguns destes planos já estão em prática. Com a iniciativa do Programa Albatroz na Escola (PAE), o projeto busca inserir a cultura oceânica no cotidiano escolar dos municípios de Cabo Frio, Arraial do Cabo e Búzios.
Também coordenadora geral do projeto, Tatiana destaca a importância de capacitar os professores para que eles possam ensinar sobre educação ambiental nas salas de aula: “O programa visa capacitar os professores para que eles levem para a sala de aula ao longo do ano as tarefas e as informações sobre a conservação do oceano de maneira geral, não só do albatroz” explica.
Além das ações dentro das escolas, o Projeto também promove palestras e feiras, expandindo assim sua dinâmica e interação com professores e alunos. Durante as visitas guiadas ao centro de visitação, os alunos conhecem o local sobretudo com o propósito de ampliar o conhecimento sobre educação ambiental, por meio de atividades educativas. Eles têm a oportunidade de se conectar com o ecossistema e compreender melhor sobre a importância da biodiversidade.
Dentre uma dessas visitas, o centro recebeu o CIEP 193 Wilson Mendes, localizado em Cabo Frio. Cursando o 1° ano do ensino médio, o aluno Jorge Lucas Marinho compartilhou sobre a experiência de conhecer o centro de visitação do projeto: “Fiquei impressionado com a riqueza de informações sobre a vida marinha e a importância da preservação de espécies como o albatroz[…] As exposições interativas, especialmente sobre o ciclo de vida dos albatrozes e os impactos das mudanças climáticas, me ajudaram a entender melhor a preservação ambiental.”
Além dos alunos terem feito o circuito educativo pelas áreas de visitação, eles também apresentaram uma exposição no espaço do projeto. Os trabalhos foram feitos de materiais recicláveis, com objetivo de mostrar que é possível transformar um material não utilizado em algo completamente diferente e referenciar a conscientização dos mares e do meio ambiente. Jorge Lucas completa:
“Estar no projeto albatroz e apresentar nosso trabalho lá foi simplesmente único, estar num lugar tão especial que preserva a vida marítima deixa os nossos corações bem quentinhos... aprender tanto sobre a vida marítima e ainda conseguir aprender como cuidar e fazer a nossa parte para conservar o oceano e o nosso meio ambiente, isso sim é conscientização.“
Estratégias para Envolver Comunidades Vulneráveis e Pescadores
Para alcançar outras comunidades, como pescadores e moradores de áreas vulneráveis que têm pouco, ou nenhum acesso a informações sobre temas de educação ambiental, emprega-se uma abordagem diferente. O coordenador ambiental do projeto, Paulo Salomão, afirma:
“É fundamental buscar ouvi-los, pois muitas vezes possuem formas sustentáveis de explorar o ambiente, que são passadas de geração em geração. Esta troca é fundamental para o desenvolvimento de estratégias de conservação e na criação de medidas públicas.” O projeto busca se tornar para eles um local de lazer, aprendizado e oportunidades. Essa colaboração cria um impacto socioambiental positivo, gerando atividades como capacitações e oficinas, que geram novas fontes de renda.
É igualmente fundamental reconhecer o papel da comunidade pesqueira, que juntamente aos técnicos do projeto, entendem a importância de albatrozes, petréis e como protegê-los da captura incidental na pesca. Os pescadores trazem um conhecimento valioso sobre pescaria e nos ajudam a identificar os problemas e proteger as espécies de aves marinhas.
Centro de Visitação Albatroz: Um Espaço de Conhecimento e Preservação
A educação ambiental promovida pelo Projeto Albatroz vai além de transmitir informações, é também sobre conectar-se com o projeto e a causa dele. “Não é possível conservar aquilo que não se conhece”, completa Paulo. Para isso, o projeto utiliza abordagens que despertam o pensamento crítico, facilitando a conscientização da importância das aves marinhas, dos ecossistemas costeiros e da cultura oceânica. Sensibilizar a população sobre essas questões é essencial para estimular o respeito e o cuidado com o ambiente.
O centro de visitação é um espaço de aprendizado que ressalta a biodiversidade da Região dos Lagos e promove a cultura oceânica junto às comunidades. Para Paulo, “ter um equipamento como o Centro de Visitação permite aproximar o conhecimento sobre biodiversidade e conservação das comunidades locais, incentivando um olhar mais cuidadoso para o oceano e suas riquezas.”
Com isso, o Projeto Albatroz fortalece o vínculo da população com o mar, como citado por Tatiana, quando diz que o projeto vai além da preservação do albatroz:
“O albatroz também, claro, mas principalmente a consciência oceânica sobre a conservação da biodiversidade e a importância do mar na resiliência planetária e na nossa própria sobrevivência.”
Serviços gerais:
Endereço:
Av. Wilson Mendes, s/n - Porto do Carro
CEP 28922-000
Telefone:
(13) 99634-0042
Horários
Funcionamento:
Quinta e sexta-feira das 10h às 18h.
Bilheteria fecha às 17h.
Ingressos:
Inteira: R$15,00
Meia-entrada: R$7,00
Meia-entrada:
- Crianças de 04 a 17 anos.
- Estudantes.
- Professores.
- Maiores de 60 anos.
Gratuidade:
- Crianças de 0 a 03 anos.
- Moradores das comunidades do entorno.
- Comunidades atendidas: Porto do Carro, Boca do Mato, Estradinha, Jacaré e Jardim Esperança.
Para o acesso gratuito, o visitante deverá ser cadastrado. O cadastro é feito presencialmente na bilheteria. É necessário levar: RG, CPF e comprovante de endereço.
Agendamentos para escolas e grupo de visitação: são realizados através do próprio site do projeto, disponível no link abaixo:
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