top of page

Colecionismo de camisas de time conquistam torcedores no Brasil, apesar do alto preço

Foto do escritor: AECAEC

Atualizado: 19 de nov. de 2024

Conversamos com dois colecionadores que nos apresentam algumas das suas peças, e mostraremos curiosidades e estatísticas sobre as camisas em geral.


Por Carlos Cobucci e Gustavo Motta


O futebol, um dos esportes mais populares do planeta, possui diversos fãs ao redor do mundo, tornando se ainda mais popular entre as populações de países pelo mundo, e o crescimento pelo interesse das pessoas em futebol foi mostrado pela pesquisa feita pelo portal Nielsen, com o futebol sendo o esporte mais popular em muitos países. E seja também pela paixão a seus respectivos times e seleções, ou pela admiração as camisas em que eles mesmos se apresentam nos estádios, atraindo torcedores mundo a fora. Falando das camisas, elas despertam um misto de sentimentos e emoções nos torcedores, podendo também ser algo passado de pais para filhos, e demonstram o valor que as camisas de time podem apresentar, não somente o valor em dinheiro, mas o valor sentimental e histórico de representar o time de coração.


Mercado de camisas antigas de futebol é boa oportunidade de negócio nas redes - (Foto: Reprodução) Site: A crítica

E no Brasil, que é conhecido por ser o país do futebol e pentacampeão mundial, existem milhares de pessoas que acompanham futebol todos os dias, das mais diversas formas, seja assistindo aos jogos, até a coleção de camisas de time. Seja coleções dos times e seleções mais conhecidas, até dos clubes mais regionais que também são enriquecidos de história, inclusive em algumas partes do país, há encontros de colecionadores de camisas de time, dos mais variados, nacionais e internacionais.


De acordo com a matéria da Reuters, o colecionador brasileiro Cassio Brandão detém o recorde de maior colecionador de camisas de time do mundo, com 6.101 unidades, ele que coleciona camisas desde o ano 2000, é corintiano, e em suas palavras diz: “Algumas camisas podem custar até 40 mil reais, mas uma camisa do Pelé não tem preço.”


Cássio Brandão com a jaqueta e calça usada por Lewis Hamilton Foto: Tiago Queiroz/Tiago Queiroz/Estadão

Uma camisa de time em média no Brasil, custa entre cerca de R$200,00 a R$600,00, valores podendo variar para mais ou para menos dependendo da loja onde for comprada, da originalidade, espécie de material e até conservação das camisas. Marcas como Nike, Adidas, Puma, Umbro, Kappa, dentre outras, são as mais famosas e estão muito presentes no patrocínio dos times e seleções de futebol masculino e feminino de todo o mundo, além de patrocinar os próprios jogadores e jogadoras.


E este alto custo que a maior parte das camisas possuem aqui no Brasil, se deve a fatores como impostos, questões de logística, aumento da tecnologia no tecido das camisas, com melhor absorção do suor e mais durabilidade, e uma fatia de lucro também adicionada, são variáveis que compõem os valores de uma camisa de time no Brasil, dados informados na reportagem de Marinho Saldanha, do UOL esportes, que explica melhor toda essa questão. Existe atualmente o modelo torcedor, que é uma opção igual a camisa de jogo, porém mais em conta que o modelo de jogador que beira os R$600,00, enquanto a de torcedor pode chegar até R$400,00, em média, e existe também o modelo Fan Jersey, sendo uma alternativa de valor mais barato, ficando entre R$100,00 a R$200,00, e semelhante a camisa original, porém com algumas diferenças, em relação ao corte da camisa, ausência ou presença de patrocínio, diferença no material, e essas duas últimas opções apresentando uma menor tecnologia empregada comparada a camisa de jogador, considerado o modelo com preço mais elevado.


E com esses altos preços a serem pagos em uma camisa de time, acaba tendo a presença da pirataria, algo que as fornecedoras de material esportivo estão combatendo, e havendo custos nessa fiscalização, e esse custo também atinge o consumidor final, aquele que compra a camisa. E por essa alta nos preços, a alternativa acaba sendo o mercado paralelo, que é isento de impostos e não investem em tecnologias e marketing, o que torna as camisas mais baratas do que as originais.


Loja em Belo Horizonte vende camisas falsificadas quase idênticas às originais e atrai compradores de todas as classes sociais — Foto: Hugo Ferreira/Conecta

Os clubes e as fornecedoras de material esportivo firmam acordos onde adquirem participação, que é em torno de 5 a 15% em média, em cima do valor total de cada camisa vendida, há essa variação devido a motivos como tamanho da torcida, grandeza do clube, número de vendas obtidas em períodos passados, e quanto maiores nesses quesitos, terão maiores repasses das fornecedoras, segundo a reportagem do UOL esportes. No cenário nacional, há clubes que possuem a sua própria marca de material esportivo, onde eles mesmos são responsáveis pela fabricação e vendas, podendo chegar até 100% de lucro na comercialização de vendas das camisas, panorama seguido por clubes das séries A, B, C e D, do futebol brasileiro.


Em épocas de competições que mobilizam diversos torcedores pelo mundo, como na Copa do mundo, Olímpiadas, dentre outras, a procura pelos uniformes usados nessas competições aumentam significativamente, e consequentemente, as vendas alavancam bastante. Segundo o levantamento feito pela OLX, em 2022, mostra que durante o período de janeiro a outubro de 2022, tempo que antecedeu a Copa do mundo do Catar, destaca um aumento de 250% na procura por camisas de times e seleções estrangeiras. O uniforme da seleção brasileira, por exemplo, teve resultados históricos, com 936% de busca em seu site, e 121% em vendas realizadas, inclusive, a Nike, que é a fornecedora da seleção, registrou recordes de vendas e produção comparado a Copa do mundo da Rússia, em 2018. Outro ponto a ser destacado na alta demanda pelos uniformes são os jogadores de destaque que desempenham papel crucial em seus times e seleções nacionais, ajudando assim na divulgação das camisas por todo o mundo, aumentando o interesse e a pesquisa.


Inspirados na onça-pintada, uniformes 1 e 2 do Brasil para a Copa do Mundo 2022 — Foto: Reprodução/Nike

O torcedor do Fluminense, Diogo Pedro, fala como adquiriu sua primeira camisa do time de coração, e alega que possui mais de 20 camisas do tricolor carioca, inclusive com direito a algumas autografadas, e fala da mais marcante: “Comecei a acompanhar futebol ainda criança como todo brasileiro. Era muito indeciso, na época, sobre para qual time iria torcer, até assistir à final do Campeonato Brasileiro de 84 e ver o Fluminense sagrar-se campeão sobre o Vasco com o gol do Romerito. Então meu pai me deu a primeira camisa, do Fluminense. Lembro até hoje, era o segundo modelo, na cor branca. Ali surgiu o interesse pelo futebol, pelo Fluminense e pelas camisas. Graças ao Romerito, que tive, inclusive a oportunidade de ir à casa dele no Paraguai, mas, por infortúnio da vida eu estava em Luque e ele no Rio para celebrar o centenário do Tricolor. Acabei não tendo a oportunidade de conhecê-lo e pedir um autógrafo. Mas isso já é outra história…”


A raridade ligada à peça é um fator forte, mas o sentimento ligado a história da aquisição de cada uma também conta muito, como Diogo relata: “Uma das camisas minha filha ganhou do Yony Gonzalez num jogo, e uma outra camisa do Fluminense que foi autografada pelo Marcão, a minha filha também considera a que ela ganhou do próprio Yony a mais importante, mas claro, cada uma com a sua história.”


A coleção do Diogo, além das camisas do Fluminense. Foto: Diogo Pedro

Caio Miller, que é torcedor do Flamengo, nos conta também como começou a acompanhar futebol, e fala sobre sua primeira camisa: “Minha história com o futebol vem desde pequeno, quando meu pai me incentivava a assistir os jogos. Depois disso, nunca mais consegui parar de assistir, gostando cada vez mais, e até passei a assistir também os jogos dos times europeus. Minha primeira camisa foi justamente a que meu pai me deu, meu primeiro Manto do Flamengo.”


Camisas do Flamengo que fazem parte da coleção do Caio. Foto: Caio Miller

As camisas de clubes e seleções nunca esteve tão em alta como atualmente, tornando se uma tendência hoje em dia, virando um negócio rentável, e até alvo de grifes famosas do ramo da moda os artigos esportivos, presentes em desfiles, na moda de rua (streetwear) e no marketing dos clubes no lançamento de novos uniformes e coleções por parte de seus fornecedores, que remetem também a sensação de nostalgia e pertencimento social com seus novos designs, fazendo com que as pessoas busquem possuir cada vez mais as peças esportivas, inclusive o time Napoli, da Itália, tem o seu uniforme desenhado e desenvolvido pela grife Giorgio Armani, grife famosa italiana. E com o modelo das camisas de time sendo cada vez melhor desenvolvido e enriquecido de tecnologia, com torcedores buscando ampliar suas coleções, o colecionismo delimita se a uma organização planejada (ou não) dos itens esportivos, em especial as camisetas, sejam elas organizadas por seleções apenas, ou separadas somente por um time, apenas camisas numeradas, de manga longa, ou ainda selecionadas por clubes nacionais e internacionais, seleções nacionais, dentre outras possibilidades de coleção. Há também a coleção das camisas de jogo, utilizadas pelos próprios jogadores, e em alguns casos, com a conservação do suor do jogador, onde são camisas difíceis de serem achadas, e quando encontradas, são vendidas por altos valores, ou não são vendidas mesmo diante de boas propostas, porque podem equivaler um valor sentimental e apego emocional a essas camisas históricas por parte de seus proprietários, fazendo com que elas nunca estejam a venda, como mencionamos acima, com o valor sentimental valendo e prevalecendo mais do que o valor em moeda, como ocorreu durante a Eurocopa de 2024, realizada na Alemanha, com uma iniciativa diferente realizada pela plataforma de comparação de preços Check 24, que distribuiu camisas da seleção alemã com a logomarca da empresa no espaço para o patrocínio master da camisa, com a águia, que é o brasão da Alemanha na área destinada ao escudo, e o símbolo da Puma na parte superior direita, de maneira gratuita em troca de dados pessoais. Houve a distribuição de cerca de cinco milhões de unidades, como diz o fundador da plataforma, Henrich Blase, que afirmou à revista Finance Forward que esta foi a maior campanha de marketing já realizada pela empresa, e sem terem pago nenhum dinheiro a federação alemã de futebol, conforme a matéria “O multimilionário mercado das camisas de futebol” da Deutsch Welle, mostrando que os torcedores alemães querem representar especificamente a nação alemã em si na disputa da Eurocopa, e não representar alguma marca que os patrocinam, e sim torcer pelo seu país nas principais competições, evidenciando assim a paixão a sua equipe.

 

Comments


CONTATO

Universidade Veiga de Almeida campus Cabo Frio
Estrada das Perynas s/n, Perynas - Cabo Frio

0Ativo 6_300x.png
  • Branca Ícone Instagram
  • Branco Facebook Ícone
  • Branca ícone do YouTube

©2024 - Agência Experimental de Comunicação

bottom of page